Em meio a críticas de que os EUA não estariam se esforçando para encabeçar uma reforma das estruturas de poder em órgãos de representação internacional, o médico sul-coreano Jim Yong Kim foi o indicado nesta segunda-feira (16/04) para o cargo de presidente do Banco Mundial, principal instituição de financiamento de países em desenvolvimento.
Efe
O novo presidente do Banco Mundial Jim Yong Kim
A decisão confirma mais uma vez o pacto que divide entre Europa e EUA o controle sobre as duas principais organizações responsáveis pelo gerenciamento de fluxos de capital: os norte-americanos indicam quem gerenciará o banco enquanto os europeus ficam com a indicação do FMI.
Com 52 anos, Kim chegou aos EUA com apenas cinco anos de idade. Presidente do Dartmouth College, uma das instituições de ensino mais antigas e tradicionais do país, foi também diretor do departamento de Aids da Organização Mundial de Saúde. Indicado para o cargo pelo presidente Barack Obama no último mês de março, tornou-se logo o favorito para a sucessão de Robert Zoellick, atual dirigente da instituição. Especialista em saúde pública, essa é uma das raras vezes em que o banco não será comandado por alguém com vasta experiência no mercado financeiro.
Contudo, essa não foi a única novidade do processo de renovação do controle da instituição. Também pela primeira vez, as eleições foram marcadas por uma disputa acirrada que colocou o candidato norte americano em forte embate com a ministra das Finanças da Nigéria, Okonjo-Iweala.
Kim contou com o apoio da Europa, do Japão e do Canadá, que, em conjunto com os EUA, detêm a grande maioria dos votos entre os diretores executivos do Banco Mundial. Ainda assim, fontes revelaram ao jornal britânico The Guardian que houve uma “frenética queda de braço” para se atingir uma unanimidade.
Com a notícia de que Okonjo-Iweala conseguiria reunir 19% dos votos, o que poderia revelar aos mercados financeiros uma divisão dentro da cúpula do banco, a direção da instituição chegou a pedir neste domingo (15/04) que a ministra desistisse do pleito. Contudo, a nigeriana recusou a proposta e decidiu permanecer concorrendo pelo cargo. Pouco antes do anúncio da vitória de Kim, ela disse a jornalistas que, “como todos sabem, essas coisas não são realmente decididas com base no mérito”.
Um terceiro candidato, o ex-ministro das Finanças da Colômbia, José Antonio Ocampo, desistiu da disputa na última sexta-feira e classificou o pleito como um “exercício de orientação política”.
Responsáveis por cerca de 5% dos votos, Brasil e África do Sul reiteraram nesta segunda-feira (16/04) o apoio à candidata africana. Pravin Gordhan, ministro das Finanças sul-africano desafiou a direção do órgão a “olhar para além da retórica da democracia” e se questionar se “a instituição foi capaz de passar pelo real teste democrático”.
Embora sempre tenha admitido que sua candidatura poderia vir a falhar, Okonjo-Iweala disse à imprensa que houve “importantes vitórias” e que “o desafio a uma tradição injusta com base no mérito e na credibilidade vai assegurar que o processo de escolha das lideranças do Banco Mundial jamais seja o mesmo”.
Parabenizando Kim pela vitória, Obama agradeceu o “forte apoio” oferecido a seu candidato pela comunidade internacional e classificou o pleito como “aberto e transparente”.
Desde o Tratado de Bretton Woods, no final da Segunda Guerra Mundial, Europa e Estados Unidos dividem o controle sobre o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial. No ano passado, os EUA apoiaram a candidatura da então ministra das Finanças, Indústria e Emprego da França, Christine Lagarde, para a gerência do FMI. Agora, Kim contou com o apoio do bloco europeu para o posto no Banco Mundial.
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