A coalização internacional bombardeou novamente bases e tropas do líder líbio Muamar Kadafi nesta segunda-feira (21/03). Segundo o porta-voz do governo Musa Ibrahim, o alvo desta noite foi o aeroporto de Sirte, a 600 quilômetros a leste da capital. As informações são da rede Telesur e das agências Reuters e France Presse.
“Desde sábado (19/03), a coalizão inimiga tem lançado ofensivas aéreas e mísseis sobre a capital, sobre Zuara, Misrata, Sirte e Sebha, mirando principalmente os aeroportos”, disse Ibrahim em coletiva de imprensa em Trípoli.
A TV estatal informou que fortes explosões foram ouvidas em Trípoli, seguidas de disparos de baterias antiaéreas. A base de Boussetta, situada a apenas 10 quilômetros da cidade, também foi alvo de ataques, bem como um pequeno porto pesqueiro, localizado a 27 quilômetros a oeste de Trípoli.
Com a retomada dos bombardeios, o governo da Líbia ameaçou reagir se os rebeldes tentarem tomar vantagem dos ataques ocidentais sobre forças oficiais para avançar rumo à capital. Segundo Ibrahim, Kadafi quer estabilidade, mas não hesitará em tomar as “medidas necessárias” para evitar o avanço dos opositores.
Leia mais:
França admite que coalizão avança na Líbia sem comando integrado
Operações na Líbia geram impasse e adiam decisão na OTAN
Liga Árabe diz que proteção de civis líbios não requer operação militar
Governo da Líbia anuncia que armará a população para a defesa do país
O direito de ir à guerra
Líbia: hipocrisia, dupla moral, dois pesos e duas medidas
O
destino das revoltas árabes está no reino do petróleo
Estados Unidos lançam mísseis Tomahawk contra a Líbia
Caças franceses sobrevoam a Líbia e Sarkozy dá ultimato a Kadafi
Conselho de Segurança da ONU aprova zona de
exclusão aérea na Líbia
“Nosso objetivo é a paz, a estabilidade e a unidade da Líbia. Mas nos defenderemos. Estamos armando o povo. Teremos uma nação de seis milhões de pessoas armadas e vamos lutar. Não há dúvida”, disse.
Segundo ele, os ataques ocidentais têm favorecido os rebeldes e provocado vítimas civis. O Pentágono, porém, afirmou que não há indícios de que os bombardeios tenham provocado vítimas civis.
Avanços
Antes dos ataques ocidentais, a oposição líbia tentou recuperar o terreno perdido e continuou os combates em Ajdabiya, no leste do país, e Misrata, no oeste.
Nos arredores de Benghazi e na estrada que liga a cidade a Ajdabiya, era possível ver nesta segunda-feira vários tanques e veículos queimados após três dias de ataques aéreos das forças internacionais sobre as tropas de Kadafi, que cercavam o reduto rebelde desde quinta-feira passada (17/03), segundo imagens divulgadas pela rede de televisão Al Jazeera.
Em torno de Ajdabiya, cujo controle foi revezado por ambos os grupos em várias ocasiões antes do começo da operação “Odisseia do Amanhecer”, da coalizão, os combates entre insurgentes e forças do regime continuaram pela tarde, segundo testemunhas citadas pela TV.
Desavenças
Nesta segunda-feira, a coalizão deu sinais de problemas internos, quando países europeus colocaram em dúvida a ofensiva. Para eles, os bombardeios não estão de acordo com a resolução da ONU. Eles também questionaram a falta de clareza sobre quem está no comando.
A Noruega indicou que suspendia a participação de seus seis caças F-16 até que se esclarecesse quem está dando as ordens. Além disso, outros países queriam que a OTAN assumisse a coordenação, e a Itália anunciou que, se isso não ocorrer, tomará o controle das bases aliadas em seu território. A França admitiu que não há um comando integrado.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Musa, que apoiou a instauração de uma zona de exclusão aérea, disse no domingo (20/03) que a operação afastava-se da resolução da ONU, apesar de, nesta segunda-feira, ter voltado atrás e assegurado que suas palavras foram “mal interpretadas”.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, explicou nesta segunda-feira, no Cairo, que “as fortes e decisivas medidas” foram possíveis graças ao apoio da Liga Árabe e chamou a comunidade internacional a falar “com uma só voz sobre o cumprimento da resolução”.
Nesta tarde, o Conselho de Segurança foi convocado pela China, no cargo da presidência rotativa, após receber neste fim de semana uma carta do ministro de Relações Exteriores líbio, Musa Kusa, na qual pedia uma reunião de urgência do organismo para deter os bombardeios internacionais contra o regime de Kadafi.
Os membros do órgão, porém, desprezaram o pedido do chefe da diplomacia de Kadafi, e se dispuseram apenas a voltar a discutir o assunto na quinta-feira (24/03), quando já está marcada uma reunião sobre na resolução 1.973. O objetivo é revisar o andamento das operações militares
Até o momento, França, Reino Unido, EUA, Dinamarca, Canadá, Itália e Catar cumpriram o requisito de informar o secretário-geral da ONU sobre sua intenção de atuar na Líbia, segundo o organismo internacional.
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL