Atualizada às 15h51
Um dia depois de receber a aprovação do rei Bhumibol Adulyadej, a junta militar da Tailândia prendeu nesta terça-feira (27/05) o ministro da Educação deposto, Chaturon Chaisang, pouco após o político conceder uma entrevista coletiva em Bancoc na qual ele não reconheceu a autoridade do Exército e defendeu o restabelecimento da democracia.
Quatro soldados entraram no Clube da Imprensa Estrangeira e levaram Chaturon, que não resistiu e saiu do local lembrando aos presentes o que já tinha anunciado, que seria detido após ter feito as declarações. Paralelamente, a Junta Militar libertou a ex-primeira-ministra tailandesa Yingluck Shinawatra, detida desde sexta-feira (23/05) em local secreto.
Agência Efe
Ex-ministro tailandês no momento de sua prisão, nesta terça-feira
Na entrevista coletiva, o ex-ministro disse que os “líderes militares poderiam ter escolhido outra alternativa desde o início. A situação não teria se deteriorado e não precisariam dar a desculpa para aplicar o golpe se tivessem cooperado com o governo para fazer cumprir a lei e tratar com justiça todas as partes”.
O chefe do Exército da Tailândia, Prayuth Chan-ocha, perpetrou um golpe de Estado em 22 de maio para, segundo ele, garantir a paz e a ordem após seis meses de manifestações, nas quais morreram 28 pessoas e mais de 800 ficaram feridas.
O ex-ministro é uma das mais de 200 personalidades que a junta militar convocou para esclarecimentos após o levante. Pelo menos metade desse grupo está atualmente preso.
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Chaturon explicou que não respondeu ao chamado pois não reconhece a autoridade do novo governo e explicou que, por sua experiência, após viver golpes como estudante, parlamentar e ministro, sabe que as pessoas convocadas pelos golpistas sempre acabam detidas.
O político foi um dos milhares de estudantes que reivindicaram mais liberdade em 1976 e que terminaram perseguidas pelo Exército, e por isso passou os anos seguintes na clandestinidade, até a aprovação de uma anistia. “Não tenho intenção de escapar, resistir ou lutar na clandestinidade, estou preparado para que me detenham”, disse Chaturon.
A junta militar dissolveu o governo e o Parlamento, suspendeu a Constituição, resguardou a autoridade da monarquia, decretou toque de recolher e censurou a imprensa. A Tailândia sofreu 12 golpes militares desde o estabelecimento da democracia, em 1932. O levante anterior ocorreu em 2006 e é o responsável pela crise política que o país vive desde então.
(*) com Agência Efe