O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou nesta quinta-feira (04/11) novas eleições parlamentares no país após a Assembleia da República rejeitar a proposta de orçamento apresentada pelo primeiro-ministro António Costa (Partido Socialista).
Enquanto o pleito não acontece, Costa fica no governo como premiê interino. As eleições para o Parlamento foram marcadas para 30 de janeiro de 2022, data que o líder português justificou a fim de compatibilizar a “desejável rapidez com a devida atenção a um período sensível na vida das pessoas”.
Caso os partidos não conseguissem encontrar uma solução em relação ao orçamento votado no final de outubro, o chefe de Estado advertiu que teria de dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas antecipadas.
Além da oposição de direita, de centro-direita e de extrema direita, a esquerda votou contra o orçamento. A rejeição significou, por isso, a implosão do esquema conhecido como “geringonça”, que governou Portugal nos últimos seis anos.
Sem os votos do Bloco de Esquerda (BE) e do Partido Comunista Português (PCP), o governo de Costa não tem sustentação parlamentar. O PS tem um governo de minoria, com 108 dos 230 deputados. O BE tem 19 e o PCP, 12, o que dá, assim, uma maioria extraoficial aos socialistas.
Para que o texto fosse aprovado, eram necessários 116 votos, mas foi rejeitado por 117 deputados, contra 108 a favor e 5 abstenções. Além dos partidos de esquerda, a oposição de direita, de centro-direita e de extrema direita também foi contra a proposta orçamentária.
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Rebelo de Sousa convocou eleições para a Assembleia da República de Portugal
Cenário eleitoral em Portugal
As pesquisas mostram que o Partido Socialista tem chances de continuar a ser o partido mais votado, mas o partido Chega, de extrema direita, já aparece em terceiro lugar em algumas sondagens.
De acordo com uma pesquisa divulgada na semana passada pelo instituto Eurosondagem, o PS aparece com 38% das intenções de voto, 4 pontos percentuais a menos do que um levantamento feito no mês anterior; o PSD (Partido Social-Democrata), de centro-direita, vem em segundo, com 28%; em terceiro, aparece o Chega, com 9%.
A CDU (Coligação Democrática Unitária), que reúne o PCP e os Verdes, tem 6%, empatado com os direitistas da Iniciativa Liberal. O Bloco de Esquerda tem 5% e o tradicionalíssimo e conservador CDS–PP vem com apenas 2%.
Este levantamento, se comparado com o resultado das ´´últimas eleições, em 2019, mostra até um aumento no apoio ao PS, mas, ao mesmo tempo, aponta para um crescimento da extrema direita. O Chega, na época, teve 1,29% dos votos e fez apenas um deputado.
Os números também indicam uma possível perda de apoio do Bloco de Esquerda, que terminou o pleito de 2019 com 9,52%.