O comércio entre Brasil e Argentina pode superar esse ano o recorde histórico de 30,8 bilhões de dólares de 2008, afirmaram hoje (12/8) funcionários dos dois países, que comemoraram “o baixo nível de conflito” na relação bilateral.
Se a previsão for confirmada, haveria um déficit para a Argentina de dois bilhões de dólares na balança comercial com o Brasil, que tanto o secretário de Indústria e Comércio argentino, Eduardo Bianchi, quanto o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, consideraram baixo.
Quanto ao “baixo nível de conflito”, os dois secretários admitiram haver algumas questões a serem resolvidas, sobretudo na área automotiva. O setor foi tema de boa parte das reuniões que os dois tiveram ontem e hoje em Brasília, como parte do mecanismo de consultas periódicas estabelecido por Brasil e Argentina para acompanhar a atividade comercial bilateral.
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Bianchi disse que seu país tem atualmente um déficit de três bilhões de dólares na balança do setor de peças automotivas e que 30% corresponde a sua relação com o Brasil. O secretário afirmou que reduzir esse déficit “é uma prioridade” para a Argentina e que encontrou compreensão no Brasil.
Um dos problemas identificados indica que as multinacionais do setor automotivo optaram por fabricar diversas peças em países asiáticos, o que minguou a produção tanto na Argentina quanto no Brasil. Para tentar resolver a situação, Barral e Bianchi disseram que decidiram aprofundar as discussões e tentar envolver também empresas privadas dos dois países, para buscar incentivos à fabricação de peças de carros.
Outros temas
Outros assuntos tratados na reunião foram o uso das moedas locais na relação bilateral, assim como diversos planos para a integração das cadeias produtivas, aos quais o objetivo é incorporar no curto prazo os setores químico e cultural, disse Barral.
Sobre o uso das moedas locais, promovido por um mecanismo estipulado em 2008, Barral afirmou que foi registrado um forte aumento, que fez com que cerca de 8% das operações tenham sido fechadas em reais ou pesos argentinos nos últimos meses.
O secretário de Comércio Exterior explicou que o mecanismo é cada vez mais utilizado pelas pequenas empresas e esclareceu que “nunca se chegará a um uso absoluto”, inclusive porque as grandes multinacionais que operam nos dois países e respondem pela maior parte do comércio “estão atadas demais ao dólar”.
Segundo dados oficiais, o comércio entre os dois países cresceu quase 50% entre janeiro e julho em relação ao mesmo período de 2009 e já se situa em torno de 18 bilhões de dólares. Nos primeiros sete meses deste ano, as exportações brasileiras para o país vizinho somaram 9,4 bilhões de dólares, enquanto as importações da Argentina chegaram a oito bilhões de dólares.
No caso das exportações do Brasil para a Argentina, esses números representaram um aumento de 57,3% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto, no sentido contrário, o crescimento foi de 33,7%.
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