Os iranianos foram às urnas nesta sexta-feira (14/06) escolher o próximo presidente do país entre seis candidatos. De 700 inscritos para concorrer ao cargo, apenas oito foram selecionados pelo Conselho de Guardiões, órgão de clérigos e juristas vinculado ao Líder Supremo, o Aiatolá Ali Khamenei. Dois deles, porém, desistiram da disputa.
Segundo a Constituição do país, o presidente iraniano tem prerrogativas decisórias na política nacional, deliberando sobre questões sociais e econômicas. Mesmo no que se refere ao programa nuclear, um assunto de deliberação apenas do Líder Supremo, o presidente desenvolve papel importante. “Como chefe de governo, o presidente pode influenciar o pensamento do Aiatolá e de outros conselheiros”, explica o analista Hooman Madj.
O sucessor de Mahmoud Ahmadinejad terá de enfrentar uma situação difícil no país: com o aumento das sanções internacionais contrárias ao programa nuclear iraniano, a economia do país está entrando em colapso. Os índices de inflação e desemprego dispararam nos últimos anos e a população está insatisfeita com o cenário. No entanto, analistas apontam que o próximo presidente apenas conseguirá resolver o problema econômico quando as negociações com os Estados Unidos e seus aliados avançarem.
Saiba quem são os candidatos:
Hassan Rowhani
Único candidato do clérigo islâmico, Rowhani é considerado o principal candidato da oposição ao atual governo. Com 65 anos, ele liderou o Supremo Conselho de Segurança Nacional do Irã por 16 anos, entre 1989 e 2005. Como líder da equipe iraniana de negociação nuclear, Rowhani fez concessões aos EUA e aliados, mas não conseguiu muitos avanços. Em relação à situação política doméstica, o candidato garantiu que irá libertar líderes opositores presos. Para o professor de Relações Internacionais e especialista em Irã Mohsen Milani, Rowhani absorveu, em parte, o grupo de pessoas da classe média insatisfeitas com Ahmadinejad e que apoiavam o candidato banido da disputa, Ali Akbar Hashemi Rafsanjani.
Saeed Jalili
Fotos/Agência Efe
Atual secretário do Supremo Conselho de Segurança Nacional do Irã e responsável pela política externa concernente ao programa nuclear, Jalili é considerado o candidato mais próximo de Mahmoud Ahmadinejad. O político, de 48 anos, não deu sinais de que irá mudar o tom nas negociações com Estados Unidos e aliados. Alguns indicam que Jalili é o candidato favorito do regime, mas analistas advertem que isso não deve exercer influencia nos eleitores.
Mohsen Rezaee
Candidato independente, Rezaee, de 59 anos, tem uma longa carreira militar. Durante 16 anos, ele serviu como comandante chefe da Guarda Revolucionária, o corpo mais importante das Forças Armadas do país. Atualmente, Rezaee é secretário de conselho responsável por mediar a relação entre o Conselho de Guardiões e o Parlamento. Ainda não está claro qual será a política externa de Rezaee caso ele seja vencedor. O candidato, no entanto, deu declarações afirmando que sua prioridade será fortalecer a economia iraniana antes de voltar à mesa de negociação com a Casa Branca.
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Mohammad Gharazi
Resolver a crise econômica iraniana por meio do controle da inflação. Essa foi a principal proposta de Gharazi, ex-ministro do petróleo que concorre como candidato independente. Apesar de possuir boas relações com Aiatolá Khamenei, o candidato, de 72 anos, nunca exerceu muitos cargos políticos, sendo pouco conhecido entre a população.
Mohammad-Bagher Ghalibaf
Sucessor de Mahmoud Ahmadinejad no posto de prefeito de Teerã, Ghalibaf construiu sua carreira na Guarda Revolucionária e na polícia nacional. Durante a campanha, o candidato, de 52 anos, adotou uma posição moderada, entre Jalili e Rowhani.
Ali Akbar Velayati
Ministro das Relações Exteriores do Irã por 16 anos e atual conselheiro do Líder Supremo, Velayati é considerado um importante candidato por analistas. Com perfil diferente dos outros, por ter construído sua carreira como pediatra, o candidato de 68 anos afirmou que irá mudar os rumos da política externa. Além de ter declarado que procurará os EUA e seus aliados para resolver a guerra na Síria, Velayati indicou maior abertura nas negociações sobre o programa nuclear. Segundo o analista Hooman Madj, se Velayati vencer, ganhará maior poder de influência sob o Aiatolá e outros conselheiros, com quem já se relaciona.