A Copa do Mundo ingressou nas escolas argentinas. Isso porque depois de autorizar que os alunos assistam às partidas da seleção nacional durante o horário das aulas, o Ministério da Educação da Argentina lançou um livro didático sobre o Mundial para docentes da rede pública de ensino Primário e Secundário (equivalentes ao Fundamental e Médio no Brasil). A primeira medida provocou debates no país sul-americano, detentor de dois títulos mundiais.
Elaborado pelo ministério em parceria com a AFA (Associação de Futebol Argentina), o material didático Los medios y el Mundial de Fútbol Sudáfrica 2010 traz mais de 70 exercícios para que os professores aproveitem a temporada esportiva para trabalhar em classe assuntos como a cobertura da mídia na Copa, geografia dos países participantes, história da África do Sul, educação cívica e literatura relacionada ao futebol.
Iniciado com uma citação em que o escritor uruguaio Eduardo Galeano afirma que a história oficial ignora o futebol, o material propõe atividades sobre a localização geográfica das seleções e seus idiomas oficiais, passagens históricas como o Apartheid e personagens sul-africanos, dentre eles o ex-presidente Nelson Mandela, o ativista social Steve Bico e Frederik de Klerk, último presidente branco da África do Sul.
A permissão para que os alunos assistam aos jogos durante a jornada letiva, porém, gerou polêmica. “Não acredito que uma partida gere um fator pedagógico e que as crianças aprendam”, opinou o ministro de Educação da província de Buenos Aires, Mario Oporto. Segundo o presidente da Fundación Centro de Estudios en Políticas Públicas, Gustavo Iaies, a medida não pode ser definida como educativa, porque os alunos deixarão de estudar o programa escolar previsto para assistir a Copa.
Outro aspecto mencionado foi a possibilidade de que as crianças vejam gestos inadequados e cenas de violência. Em resposta, o ministro da Educação do país, Alberto Sileoni, declarou: “Se trata de assumir um acontecimento de magnitude cultural singular e utilizá-lo para fins pedagógicos”.
Para Elida Rasino, ministra da província de Santa Fé, “os temas de interesse das crianças podem se transformar em situações pedagógicas importantes. Não apenas compartilharão a festa, como farão atividades relacionadas com o valor do esporte.”
Na prática
As secretarias de educação de algumas províncias elaboraram cartilhas com sugestões para que cada escola avalie como abordar o Mundial. “As atividades não devem restringir-se a ver os jogos. Podemos aproveitar este acontecimento para problematizar e estudar o que o rodeia, como os aspectos que geram identidades”, defendeu Norma Nakandakare, subsecretária de educação de Rio Negro.
Compareceram à apresentação do livro o técnico da seleção argentina, Diego Maradona, e o da Sub-20, Sergio Batista, o presidente da AFA, Julio Grondona, e representantes da embaixada da África do Sul na Argentina. “O material é uma grande solução para que as crianças possam ver o campeonato nos colégios, porque se não, faltam”, explicou Maradona.
O material didático está disponível para download na página do ministério e a previsão é de que mais de 25 mil colégios do país recebam os livros antes do início do torneio, no dia 11 de junho.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL