O presidente do Equador, Rafael Correa, acredita que se as autoridades britânicas cumprirem com a ameaça de invadir a embaixada equatoriana em Londres para prender Julian Assange estariam cometendo “suicídio”.
Em entrevista à rede estatal ECTV nesta segunda-feira (20/08) à noite, Correa explicou ao público equatoriano que o Reino Unido seria o mais prejudicado neste caso. “Depois poderiam violar as sedes diplomáticas britânicas em qualquer parte do planeta e eles não teriam o que dizer”, argumentou ele.
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O presidente equatoriano também lembrou que diversos membros da comunidade internacional condenaram e repudiaram as ameaças feitas pelas autoridades britânicas de invadir a embaixada do país por violarem o direito internacional. Além dos blocos regionais Unasul e Alba, que já reprovaram publicamente as atitudes do Reino Unido, a OEA irá se reunir para definir uma posição acerca do assunto, como indicou Correa.
No entender dos diplomatas, uma possível invasão da sede diplomática significaria uma infração do artigo 22 da Convenção de Viena, que determina que “os locais da missão são invioláveis” e “não podem ser penetrados sem o consentimento do chefe da missão (diplomática)”. Por esta razão, Correa chegou a afirmar na entrevista que vai levar “essa questão às Nações Unidas”.
O Equador mantém que recebeu uma “ameaça explícita” do governo de Londres um dia antes de conceder formalmente o asilo político ao fundador do Wikileaks quando autoridades britânicas entregaram uma carta à missão diplomática equatoriana no país advertindo a possibilidade de invadirem a embaixada baseando-se em uma lei local. Segundo o ministro de Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, o governo britânico disse que poderia “invadir nossa embaixada do Equador em Londres caso Julian Assange não seja entregue”.
Leia o documento enviado pelo Reino Unido aos diplomatas equatorias na íntegra em português
O governo de Londres não negou as ameaças e nem se desculpou com o país latino-americano pela suposta carta. Nesta segunda-feira (20/08), o porta-voz do premiê David Cameron afirmou que o governo está em busca de “uma solução diplomática” para a crise, mas reiterou que as autoridades britânicas não vão conceder o salvo-conduto a Assange.
“Nós não vamos garantir uma passagem segura a Assange. De acordo com nossas leis, ao se esgotarem todas as opções de apelação, somos obrigados a extraditá-lo à Suécia”, disse o porta-voz segundo a rede britânica BBC.
O jornalista australiano está alojado na embaixada equatoriana em Londres desde o dia 19 de junho e mesmo com a concessão do asilo político, não sabe como deixará o Reino Unido sem a autorização do governo britânico. Assange tenta impedir sua extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais. Seu maior temor é que, caso seja enviado a Estocolmo, ele possa ser extraditado aos Estados Unidos, onde pode responder pela revelação de documentos secretos do Departamento de Estado norte-americano, crime passível de condenação à pena de morte.