O presidente do Equador, Rafael Correa, sugeriu nesta quarta-feira que a ONU (Organização das Nações Unidas) mude sua sede, atualmente localizada em Nova York, nos Estados Unidos. A sugestão foi feita durante uma coletiva com jornalistas em Guayaquil. As informações são dos sites Prensa Latina e Portal Vermelho.
O chefe de Estado equatoriano fez menção à mudança em razão de os Estados Unidos terem negado visto de entrada para a ministra de Povos e Movimentos Sociais, Rosa Cárdenas, que iria para Nova York participar de um foro na sede das Nações Unidas, representando o país sul-americano.
Correa classificou a negativa de “abuso”. “É inadmissível, intolerável, que uma ministra de um Estado soberano, convidada a um foro pelas Nações Unidas ter seu visto negado (pelos EUA)”, afirma.
Por essa razão, o líder equatoriano afirma que é preciso refletir sobre a neutralidade da sede da entidade. “Se essas posições imperiais, soberbas e prepotentes (dos EUA) prosseguirem, a mudança de sede das Nações Unidas poderá ser discutida”.
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Entrevista com Assange
Ainda nesta quarta-feira, Correa concedeu uma entrevista em videoconferência para o australiano Julian Assange, fundador do Wikileaks, para o programa “O Mundo de Amanhã”, transmitido pelo site Russia Today.
Reprodução
Na entrevista, ele afirma que uma das razões para haver um certo mal-estar nas relações entre os dois países é que o Equador cortou todos os financiamentos que a Embaixada dos Estados Unidos pagava à polícia local. “Havia unidades inteiras, setores chaves da polícia, que eram completamente financiadas pela Embaixada. Os chefes policiais eram selecionados pelo embaixador e pagos pelos EUA. A tal ponto que chegamos a aumentar seus salários e quase ninguém percebeu, porque muitos recebiam do outro lado. Acabamos com tudo isso, mas há alguns que sentem saudades daqueles tempos. Mas são tempos que não voltarão ao nosso país”, disse o presidente. Em 2010, a polícia equatoriana tentou um golpe de Estado mal-sucedido contra Correa.
Correa afirmou que as relações diplomáticas entre seu país e os EUA são, apesar de tudo, “de muita amizade e carinho”, mas diante de um marco mútuo de respeito e soberania. “Vivi quatro anos nos EUA, estudei e graduei-me lá, tenho dois títulos acadêmicos norte-americanos, amo e respeito muito o povo norte-americano. Acredite: de modo algum, jamais seria anti-americano. Mas sempre chamarei as coisas pelo nome. Se houver políticas norte-americanas que são perniciosas para o Equador e para nossa América Latina, sempre as denunciarei abertamente”.
Ele citou como exemplo dessa relação o fechamento da base militar norte-americanas na cidade de Manta. “ Você aceitaria uma base militar estrangeira no seu país? (…) Se não há problema nos EUA manterem uma base militar no Equador, ok, tudo bem: permitiremos que ela permaneça no Equador se os EUA permitirem que estabeleçamos uma base do Equador em Miami”.
Veja mais detalhes da entrevista de Correa a Assange no vídeo abaixo: