Para ganhar votos nas eleições presidenciais na Costa Rica neste domingo (7), os candidatos precisarão convencer os eleitores de que vão atuar com eficácia nos setores da segurança pública, desemprego e corrupção. Estes foram os temas principais da campanha, segundo a análise de especialistas ouvidos pelo Opera Mundi.
A Costa Rica tem pontos positivos, como um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) igual a 54 – melhor da América Central e quarto melhor da América Latina – e políticas ambientais reconhecidas internacionalmente como bem-sucedidas. Além disso, destaca-se na região por não ter exército (extinto em 1949), numa região marcada por golpes militares e instabilidade política.
Mas “as coisas não são perfeitas”, pondera o cientista político Manuel Rojas, da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) costa-riquenha. Ele menciona problemas que passaram a afetar o país nos últimos anos, como o aumento do desemprego, a crescente criminalidade e instabilidade econômica.
Em 2009, a Costa Rica enfrentou sua primeira recessão econômica em 27 anos e registrou 49% de inflação anual, o maior índice da América Latina juntamente com o da Nicarágua, segundo a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). A economia, impulsionada pelas exportações de café e abacaxi, pelo ecoturismo e por investimentos estrangeiros, foi afetada com a crise econômica, principalmente pelo grande atrelamento aos Estados Unidos, principal parceiro comercial. Nos últimos três anos, o desemprego tem crescido numa média de 7%, e afeta 16,7% da população, segundo dados do governo.
“Estima-se que 1,2 milhão dos eleitores tenham entre 18 e 34 anos. Se há desemprego, essa parte da população deve votar, e votar pelo candidato que tocar mais fundo nessa questão”, explicou o economista costa-riquenho Julio Rodriguez.
Para a economia, a candidata governista Laura Chinchilla, do PLN (Partido de Libertação Nacional), pretende seguir as políticas do atual presidente, Óscar Arias, tentando estabelecer um TLC (Tratado de Livre Comércio) com a União Europeia, a China e Singapura.
“A crise financeira teria sido pior se Arias não estivesse aqui”, defende o psicólogo Álvaro Aguilar, de 57 anos, eleitor da candidata governista. “Laura Chinchilla vai a dar continuidade ao governo tão bom que temos”, acrescentou, citado pela agência Reuters.
Oposição
O quarto colocado nas pesquisas, o ex-ministro e ex-deputado Luis Fishman, ressaltou que, se eleito, aumentará a ajuda direta à população carente.
Já o candidato Ottón Solís prometeu estreitar as relações com o Brasil e ser amigo dos EUA ao mesmo tempo, o que “ajudará” na política norte-americana para a América Latina. “Um dos primeiros passos como presidente da Costa Rica será enviar uma delegação a Washington para conversar sobre o futuro”, declarou.
Sobre a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América), da qual o país centro-americano não participa, Solís declarou que tentaria buscar aproximação com o bloco liderado pela Venezuela para adquirir petróleo a baixos preços, mas sem estabelecer compromissos políticos.
Segurança
Segundo Manoel Rojas, apesar de a violência ser um problema maior nos países vizinhos do que na Costa Rica, a criminalidade ligada ao narcotráfico se tornou uma das preocupações dos cidadãos. “A importância [do narcotráfico] foi tão grande que Guevara cresceu e se aproximou de Laura graças às suas propostas mais rígidas de punição”, disse o analista.
O governo estima que cerca de 80% das 1.400 toneladas de cocaína que saem da América do Sul passam pela América Central. “A Costa Rica se tornou um dos sete países na rota do tráfico, desde a Colômbia até o México”, completou a cientista política Margaret Rose, da Universidade da Costa Rica.
Ela explica que o país passou a enfrentar o problema principalmente após os ataques de 11 setembro nos EUA. Nos últimos quatro anos, a polícia apreendeu mais 90 toneladas de cocaína.
Otto Guevara, do Movimento Libertário, propõe uma luta imediata contra a corrupção e decretar a situação do país na área de segurança como de “emergência nacional”. Ele propõe uma “linha dura contra a criminalidade por meio do aumento das penas e de mudanças nas leis referentes à compra e ao porte de armas.
“Já fizemos um país maravilhoso, com muitas estradas, com um Prêmio Nobel, com muitas coisas lindas. Mas não podemos sair na rua”, disse a enfermeira Silvia Ugarte, de 36 anos, eleitora de Guevara, à entrevistada pela agência de notícias britânica Reuters. “Ele tem em mente uma maneira mais radical para combater a criminalidade. Acredito que seja o problema principal agora”.
Em relação à segurança, outro ponto ressaltado por todos os políticos nos planos de governo, a principal proposta de Laura é aumentar em 50% o número de policiais nos próximos quatro anos. Ela deseja criar uma comissão nacional para combate ao narcotráfico. A candidata de partido conservador disse também que pretende pedir a colaboração dos Estados Unidos e da União Europeia para enfrentar “a gravíssima ameaça dos grupos mafiosos”.
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