A escalada do ódio contra os ciganos na Hungria é preocupante e o sistema legal do país não basta para frear as cada vez mais freqüentes demonstrações de racismo, que já causaram 50 atos violentos e a morte de sete pessoas da etnia romani nos últimos 12 meses.
Essa é a conclusão de cinco ONGs, entre elas a União para as Liberdades Civis (TASZ). Para Balázs Dénes, representante da entidade, o que acontece no país é um verdadeiro pogrom (termo em russo que designa ataque maciço contra uma minoria étnica) contra os ciganos.
O último caso foi em 23 de fevereiro, na aldeia Tatarszentgyörgy, palco do assassinato de um cigano de 25 anos e de seu filho de cinco, assassinados após terem a residência incendiada. Os criminosos ainda não foram identificados.
A polícia, após dias de pesquisas, admitiu que os ataques contra ciganos estão relacionados entre si e que possivelmente se trate de um mesmo círculo de criminosos.
Xenofobia
György Ligeti, analista da Fundação Kurt Lewin – Pela Tolerância, explicou que, em períodos de depressão econômica, parte da população húngara tende a culpar as minorias pelos problemas vividos pelo país – como, aliás, acontece em outros países europeus e de outros continentes.
Acrescentou que, devido ao fato de muitos ciganos viverem na miséria, aumenta também a possibilidade de que alguns cometam crimes para sobreviver.
Os partidos e organizações de extrema direita, que formam “uma minoria muito pequena, mas muito visível”, de acordo com Ligeti, aproveitam-se da situação e, constantemente, utilizam a expressão “crime cigano”, tal como fazem o partido Jobbik e a Guarda Húngara, organização que reúne extremistas.
As últimas pesquisas publicadas pela revista húngara HVG mostram que o apoio ao partido radical-nacionalista de direita Jobbik, que mobiliza com seu discurso de ódio alguns setores da população, já alcança, pela primeira vez, o limite mínimo de 5% para poder entrar no Parlamento.
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