Na Hungria, que tem 10 milhões de habitantes, vivem cerca de 600 mil ciganos, segundo alguns cálculos. A integração deles é uma tarefa pendente desde a queda da Cortina de Ferro, em 1989.
Anikó Bernát, socióloga do Instituto Tárki, conta que a tentativa de integrar os ciganos faz parte de um longo processo de 20 anos, já que os governos da transição política não foram capazes de abordar o tema com a profundidade necessária.
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“O desemprego e a miséria são problemas que caracterizam a situação social de uma grande maioria da população cigana na Hungria, até o ponto em que agora cresce uma segunda geração romani que não viu seus pais trabalharem”, acrescentou Bernát.
Por sua vez, o defensor público para as minorias Ernö Kállai, em discurso no Parlamento, pediu “um plano de paz étnico” e responsabilizou a elite política pelas relações tensas entre os diferentes grupos sociais.
Angela Kóczé, especialista do Centro Europeu pelos Direitos dos Ciganos, com sede em Budapeste, explicou que a aparição da Guarda Húngara, inspirada nos movimentos fascistas do país, “serve de instrumento de legitimação” para muitos que até agora não se expressavam contra os ciganos.
“Na creche de Szikszó [leste do país], onde temos um projeto, as professoras impõem a ordem entre as crianças ciganas ameaçando-as com a Guarda Húngara”, ressaltou a pesquisadora.
Apesar de Kóczé opinar que a situação atual é dramática e pode ter conseqüências imprevisíveis, ela ressalta que esta crise social poderia criar as condições para se repensar as estruturas e a convivência entre ciganos e húngaros.
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