Nos dias 12, 19, 26 de agosto e 2 de setembro, Opera Mundi faz um passeio histórico pela Áustria, Hungria e Croácia. Neste domingo, Zagreb, Split e Dubrovnik
Percorrendo de trem o trajeto de sete horas desde Budapeste, se chega à Zagreb, capital da Croácia, país que se tornou independente da Sérvia em 1991. Há poucos anos, o país costeiro, que faz fronteira com Eslovênia, Hungria, Sérvia, Montenegro e Bósnia-Herzegovina, transformou-se em destino turístico para muitos jovens europeus que buscam belas praias durante o verão. Isso apesar de não ter areia, mas incômodas pedras com cascalho.
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A passagem por Zagreb é rápida, apenas um pit stop rumo à costa da Dalmácia, no litoral sul do país. A capital é pacata, arborizada, totalmente remodelada após a guerra que desintegrou a Iugoslávia.
Fabíola Ortiz/Opera Mundi
A troca da guarda real em Zagreb, capital da Croácia
Apesar de ser o centro administrativo do país, Zagreb não parece sofrer dos problemas de uma cidade grande. Uma jovem capital eleita há não mais de duas décadas para sediar equipamentos públicos do governo croata.
Na praça principal no centro Ban Jelačić, ponto obrigatório para todos os visitantes, concentra os cruzamentos de linhas de bonde, lojas de marcas europeias e norte-americanas e cafeterias. Aliás, o que não falta em Zagreb são cafés. A cada quadra, pelo menos cinco estabelecimentos disputam espaço nas ruas e clientes. Os croatas têm o costume de beber muito café e fumar, e tudo isso nas cafeterias.
Uma boa maneira de conhecer a cidade quando se tem pouco tempo é andar de bonde e fazer inúmeras baldeações por apenas 15 Kunas (1 Euro equivale a 8 Kunas, a moeda croata). Em uma hora e meia é possível rodar a cidade de norte a sul, da periferia de Zagreb numa ponta até o início da zona rural na outra. Em Gornji Grad vale visitar a praça principal de São Marcos (Markov) e o ateliê do mais conhecido escultor e artista plástico croata, Ivan Meštrović (1883-1962).
Split
Banhada pelas águas do Adriático, Split (a 30 minutos de voo de Zagreb no centro do país para o litoral) é uma cidade praiana ponto de partida para as inúmeras ilhas croatas.
Fabíola Ortiz/Opera Mundi
Split, na costa da Dalmácia
Seu centro histórico foi uma fortaleza com fortes traços da cultura veneziana com edificações de pedra calcária. Split tem seus muros romanos do século III do período Diocleciano, além de paredes erguidas no século XIV para proteção contra ataques turcos. Ela é exemplo de uma cidade turística que tem infraestrutura para acolher visitantes e preservar seu charme e construções históricas.
Split é uma cidade porto onde diariamente no verão saem catamarãs e ferries rumo às ilhas como Hvar, Brač e Vis, algumas das mais famosas. Os meses de julho e agosto são de altíssima temporada. Prepare-se para pegar filas e enfrentar o calor com temperaturas que facilmente ultrapassam os 40º C.
Fabíola Ortiz/Opera Mundi
Na costa da Dalmácia há muita luz. Afirma-se ser uma das costas mais ensolaradas da Europa. Às sete da manhã o sol está a pino e apenas escurece próximo das dez da noite.
Uma vez em Split, uma das ilhas mais badaladas é Hvar (FOTO À ESQUERDA), que serviu como porto de apoio para as navegações venezianas no século XIII que vinham do Oriente.
A ilha é tida como a “Saint Tropez do Adriático” com águas cálidas em tons azuis e esverdeados.
A costa antes Reino da Dalmacija já fez parte do domínio austro-húngaro até 1918. O litoral, nos séculos anteriores, já foi rota de passagem para romanos, sarracenos, turcos, tropas de Napoleão e, ainda no século XX, na Segunda Guerra Mundial, a região ficou subordinada aos italianos e alemães.
Dubrovnik
Próxima parada: Dubrovnik. Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, a pequena cidade murada é considerada a “joia do Adriático” por sua exuberante paisagem.
Dubrovnik é a última cidade ao sul da Croácia na divisa com a Bósnia. O local guarda uma história recente de perdas e resistência. Seus muros de pedra que circundam a parte medieval da cidade datam do ano mil e sobreviveram aos intensos bombardeios de tropas sérvias no início dos anos 1990.
Passados 20 anos do conflito nos Bálcãs, Dubrovnik está completamente reconstruída e abriga um santuário de construções históricas de calcário como o mosteiro franciscano e a catedral. Relatos por parte dos croatas dão conta que mais de duas mil bombas e mísseis guiados foram despejados sobre a pequena vila medieval. Muitos de seus edifícios históricos e monumentos foram destruídos na época.
Fabíola Ortiz/Opera Mundi
Dubrovnik vista de cima
Dubrovnik é uma cidade medieval na encosta da cadeia de montanhas Dináricas que se projeta sobre a Baía de Župa, no Adriático. Sua história remonta a um passado distante, de colônia grega, tendo sido ocupada como entreposto marítimo por romanos, além de ter feito parte do Império Bizantino e, por volta do século XIII, foi dominada pelos venezianos durante um ciclo de 150 anos.
Turismo
Mesmo em tempos de crise, a indústria do turismo está aquecida em Dubrovnik. O único aeroporto a 20 minutos da cidade bateu o recorde de desembarques no mês de junho, antes mesmo da alta temporada, quando desembarcaram mais de 200 mil passageiros, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2011. Este parece ter sido o auge do aeroporto em 50 anos de existência. Segundo estimativas locais, o tráfego de visitantes tem aumentado a uma média de quase 10% ao ano.
Com tanta demanda por serviços gerados pelo turismo, é costume de croatas que residem em cidades turísticas abrirem suas casas e alugarem seus quartos para visitantes. Em Dubrovnik, esta é a regra para quem quer ficar hospedado dentro da cidade murada. Detalhe para as casas que são construções do século XV e que podem proporcionar uma experiência histórica estar hospedado por duas ou três noites num quarto de mais de 600 anos.
Fabíola Ortiz/Opera Mundi
“Depois da guerra, a minha família comprou esta casa. Vendi meu apartamento na parte nova da cidade e vim para cá. Era tudo muito barato na época”, conta Ane Jarak que hoje aluga dois quartos no segundo andar de sua casa de pedra calcário de três pisos para turistas.
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Mas é preciso ter disposição para hospedar-se na cidade antiga. São dezenas de degraus e escadas que cortam a cidade. Jarak relata que depois da guerra, em 1992, poucos turistas vinham conhecer a cidade. Agora, passadas duas décadas do fim dos bombardeios, eles estão de volta e por todos os lados.
Na Stradun, principal rua que corta Dubrovnik antiga, à esquerda está o portão Pile de entrada da cidade e o museu do Mosteiro Franciscano – Francevčki Samostan-muzej. O claustro do mosteiro do século XIII guarda em seu acervo pinturas e manuscritos que datam de 1200 até 1600. Estão expostos ainda pedaços e partes de calcário com esculturas que foram resgatadas após os bombardeios que destruíram a cidade no início da década de 1990.
Nas várias livrarias espalhadas pela cidade velha, muitos livros em inglês contam capítulos da história croata e da guerra dos Bálcãs. Até um museu multimídia ao lado do portão Pile promete contar em apenas 15 minutos a história da cidade com recursos audiovisuais 3D.
Só no mosteiro franciscano, foram lançadas 51 bombas, uma delas atingiu o jardim interno do claustro, atravessou paredes e destruiu alguns dos pilares do pátio interno. Foram mais de dois meses de agressão e estima-se que 14 mil pessoas foram mortas no conflito dos Bálcãs e mais de 32.000 croatas foram feridos e outros 18.000 feitos prisioneiros.
Os números avançam quando contabilizadas as casas destruídas na guerra, cerca de 220.000, além de 2.000 escolas, 2.500 manuscritos históricos e 500 edifícios que abrigavam instituições sociais. O prejuízo, de acordo com o governo croata, ultrapassou a cifra de 37 bilhões de dólares.
Carregada de história e de resistência, a joia do Adriático se utiliza do peso histórico para vender sua imagem ao turismo que permanece em alta.
Dovidjenja Dubrovnik! Até logo Dubrovnik!
Na quarta e última matéria da série Destinos do Leste, continuaremos na Croácia e seguiremos para o centro do país conhecer os Lagos de Plitvice, Patrimônio Natural da UNESCO e uma das maravilhas do mundo.
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