A epidemia de ebola foi tema de uma cúpula da Alba (Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América) com autoridades da OMS (Organização Mundial da Saúde) nesta segunda-feira (20/10) na capital de Cuba, Havana.
Com a presença de governantes e ministros da Saúde de 12 países da América Latina e do Caribe, a reunião teve o objetivo de definir a estratégia do bloco contra um possível surto do vírus na região e de buscar modos de auxiliar os países afetados pela doença na África Ocidental.
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Inauguração da cúpula extraordinária da Alba na capital cubana reuniu líderes e autoridades de saúde internacionais
“Uma terrível epidemia se propagada hoje pelos povos irmãos da África e ameaça a todos nós”, declarou o presidente cubano, Raúl Castro, na abertura do encontro, ressaltando que, “pelas veias de nossa América, corre sangue africano”.
A reunião contou com os líderes de Bolívia, Nicarágua e Venezuela: Evo Morales, Daniel Ortega e Nicolás Maduro, respectivamente. Ao final do encontro, os membros da Alba assinaram um acordo que, entre outros pontos, propõe “coordenar esforços para evitar a propagação do ebola e atender com prioridade os irmãos do Caribe”, além de proporcionar “campanhas públicas” como “medidas preventivas”.
Para Morales, trata-se de “uma profunda avaliação de como salvar a vida e a humanidade diante da ameaça do vírus”. Já Maduro afirmou que a reunião da Alba, organização formada em 2004 por Hugo Chávez, tem como intuito “coordenar os protocolos de proteção e prevenção” sobre a doença e que pretende propor a questão à Celac (Conferência da América Latina e Caribe).
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Raúl Castro (esquerda) e Nicolás Maduro (direita): conversam durante reunião que durou apenas um dia
Cuba é um dos países que mais se destacam no mundo pela dedicação à luta contra a pior epidemia de ebola da história – que já matou mais 4.500 pessoas desde março -, com o envio de 165 médicos e enfermeiras para Serra Leoa. Outros 296 agentes de saúde devem partir para Libéria e Guiné ainda nesta semana.
No domingo (19/10), o núcleo editorial do New York Times escreveu um artigo intitulado “O impressionante papel de Cuba contra o ebola” em que elogia o envio de equipes médicas para conter epidemia. “O pânico global sobre o ebola não trouxe uma resposta adequada das nações que mais têm a oferecer. Enquanto os EUA e diversos outros países ricos têm ficado felizes por levantar fundos, apenas Cuba e algumas ONGs estão oferecendo o que mais se necessita: médicos profissionais em campo”, aponta o jornal norte-americano.
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Nigéria
Após um período de 42 dias sem nenhum caso registrado no país, a OMS declarou nesta segunda que a Nigéria está livre do ebola, parabenizando o país pela maneira com a qual soube controlar a expansão da doença.
“Esta história de sucesso espetacular mostra que o ebola pode ser contido”, elogiou o órgão internacional em comunicado, acrescentando que a expansão na Nigéria poderia ter representado “o maior e mais explosivo surto de ebola imaginável”.
Para a OMS, o exemplo da Nigéria “pode ajudar outros países em desenvolvimento que têm medo de importar um caso de ebola”. “Muitos países ricos, com sistemas de saúde extraordinários, têm também o que aprender”, alertou a organização.
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Vizinha de países atingidos por epidemia, Nigéria comemora fim de surto de ebola no país e é elogiada pela OMS
Resposta do Ocidente
O Departamento de Saúde do Texas informou hoje que 43 pessoas que tiveram contato com o liberiano Thomas Eric Duncan, a primeiro paciente a ser diagnosticado com o vírus nos EUA, foram liberadas após não apresentarem sintomas durante o período de 21 dias de incubação. No entanto, 120 indivíduos continuavam em observação.
Nesta tarde, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, afirmou que a luta contra o ebola requer “pelo menos” US$ 1,8 bilhão e ressaltou que é essencial financiar esse combate sanitário desde já para evitar uma catástrofe maior. “Fechar as fronteiras não é uma maneira efetiva. Em alguns países vizinhos, as fronteiras estão mal definidas. Além do mais, acho que vai ser difícil impedir todo mundo de atravessar as fronteiras”, ponderou Kim.
Na Europa, a voluntária norueguesa Silje Lehne Michalsen, de 30 anos, diagnosticada com ebola em Serra Leoa há duas semanas, foi declarada curada. Ela recebeu alta da unidade de isolamento do Hospital Universitário de Ullevaal após ser repatriada em avião francês fretado pela organização MSF (Médicos Sem Fronteiras), para a qual trabalha.
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Silje Lehne Michaelsen conta em roda de imprensa a experiência de quarentena com vírus nesta segunda em Oslo, Noruega
Mais cedo, o governo do Canadá começou a enviar à OMS uma cota de 800 vacinas experimentais contra o vírus meses após anunciar a doação do remédio para combater a epidemia na África Ocidental.
O atraso no envio foi criticado por partidos políticos, organizações humanitárias e inclusive diplomatas africanos. Conhecida como VSV-EBOV, a vacina foi utilizada com sucesso em dois profissionais de saúde norte-americanos infectados com ebola na Libéria. Quando a OMS receber a vacina, serão iniciados testes clínicos com 250 pessoas em Europa e África para verificar a segurança.