A conservadora Erna Solberg cumpriu nesta segunda-feira (09/09) as previsões e liderou a vitória do bloco de direita, de oposição, nas eleições legislativas norueguesas, mesmo sem conseguir dos trabalhistas a condição de força mais votada – o que coroaria uma noite “histórica” de triunfo da oposição que teve o melhor resultado do partido em quase três décadas e coloca um conservador no poder 23 anos depois.
“Erna de ferro”, como foi apelidada quando era ministra, atinge o ponto alto dos dez anos em que está à frente do partido, uma liderança que custou a manter e que em alguns momentos foi muito questionada por causa dos maus resultados eleitorais.
No ano em que chegaria à chefia conservadora, seu partido desabou nas eleições legislativas de 2005, o que a deixou em uma situação muito delicada obrigando a se candidatar nas eleições municipais de 2007.
Agência Efe
Erna Solberg trouxe a direita de volta ao poder na Noruega
O triunfo conservador nesse pleito deu fôlego para Erna, embora os rumores sobre sua possível substituição pelo vice-presidente do partido, Per-Kristian Foss, não tenham desaparecido até as eleições de 2009.
Solberg melhorou consideravelmente os resultados de quatro anos antes, e apesar de não ter conseguido evitar a vitória apertada da coalizão “verde-vermelha” do trabalhista Stoltenberg, a eleição marcou o começo de uma tendência claramente ascendente.
As pesquisas chegaram há alguns meses inclusive a apontar o partido de Solberg como primeira força no parlamento.
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Dislexia
A determinação é uma constante na vida de Solberg, nascida em 1961, e diagnosticada com dislexia aos 16 anos. Envolvida em trabalhos voluntários e com o movimento estudantil na juventude, Solberg iniciou sua carreira política em sua cidade natal, onde foi vereadora por vários mandatos.
Ela entrou no parlamento em 1989, quando já tinha se formado em Sociologia e Ciências Políticas, e anos depois presidiu a Associação de Mulheres Conservadoras (1994-1998).
Foi ministra de Administrações Locais e Regionais no segundo governo do democrata-cristão Bondevik (2001-2005), quando surgiu o apelido de “Erna de ferro”, pela linha dura no tema da imigração e pela pressão internacional que exerceu para tentar expulsar do país o líder religioso curdo mulá Krekar.
Seu ministério foi marcado também pelo “caso Vanunu”, do “espião atômico” israelense Mordechai Vanunu, a quem seu ministério negou asilo político para não atrapalhar as relações políticas com Israel, como foi revelado anos mais tarde.
O apelido que recebeu nessa época não faz jus a sua personalidade, se defende Erna, que não evitou falar de sua obesidade.
“Também tenho meus complexos. Espero poder demonstrar que as mulheres podem chegar longe sem serem jovens, bonitas e magras. Muitos acham que é a aparência que determina até onde você chega, mas o que conta é saber do que existe dentro de si. A confiança e a credibilidade são o que vale com o tempo”, confessou uma vez em entrevista.
Solberg será a segunda mulher a exercer a chefia de governo na Noruega. Gro Harlem Brundtland, a carismática líder trabalhista, foi a primeira mulher no cargo e presidiu vários gabinetes nas décadas de 80 e 90.