Agência Efe
Manifestantes sírios queimam um poster de Bashar Al Assad em frente a embaixada russa na Romenia
O futuro da Síria parecia estar incerto desde que forças da oposição invadiram Damasco no início da semana passada e conseguiram realizar atentado contra a sede da Segurança Nacional, deixando quatro importantes oficiais mortos. Até este domingo (22/07), o presidente sírio ainda não havia se pronunciado, o que alimentou diversas especulações sobre seu paradeiro, incluindo que ele estaria travando negociações de sua saída.
Nesta segunda-feira (22/07), no entanto, ficou claro que o presidente sírio não está pronto para deixar o poder. Em comunicado oficial, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Síria, Jihad Makdissi, afirmou que seu governo rejeitou a proposta de negociação da Liga Árabe. Os países membros do grupo ofereceram uma saída segura ao presidente sírio e a sua família em reunião nesta segunda-feira (23/07) em Doha, no Catar, que foi logo descartada por Assad.
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“Essa decisão apenas cabe ao povo sírio, que são os únicos senhores do seu destino”, disse Makdissi que também afastou a suspeita, levantada pelo secretário de imprensa do Pentágono dos Estados Unidos na semana passada, de que seu governo iria utilizar armas químicas contra a população síria. O porta-voz sírio, no entanto, disse que o governo está preparado para usar seu arsenal químico contra qualquer tipo de intervenção externa.
Makdisse se referiu à resolução apoiada por Alemanha, França e Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU que menciona o capítulo VII da Carta, permitindo a intervenção militar no país. Esta possibilidade, no entanto, parece estar longínqua, pois a medida não encontra aprovação entre Rússia e China que vetaram pela terceira vez na última quinta-feira (19/07) o texto.
A reação do governo Sírio e da União Europeia
Durante combates no final de semana, o governo sírio reagiu à ofensiva da oposição e retomou controle de bairros de Damasco e de cidades fronteiriças. O presidente sírio pediu ao novo chefe das Forças Armadas neste domingo (22/07) para perseguir os terroristas do país.
Agência Efe
Tropas do governo sírio entram em batalha contra forças da oposição na capital síria, Damasco
Enquanto o conflito se intensifica na Síria, potências europeias buscam novas soluções para pressionar o governo de Assad. A União Europeia anunciou nesta segunda-feira (23/07) um novo pacote de sanções a fim de pressionar o governo de Assad.
Os representantes dos países membros decidiram em reunião em Bruxelas que as 27 nações do bloco devem investigar todos os aviões e navios suspeitos de levar armas e outros equipamentos banidos à Síria. A União Europeia também congelou os ativos e vistos de mais 26 pessoas, que não foram identificadas à mídia. Além disso, o grupo proibiu empresas europeias de negociarem com outras três entidades sírias.
É a 17ª vez que o bloco europeu aprova um pacote de sanções contra o governo de Assad. Com este novo plano, o número total de pessoas submetidas às medidas subiu para 155 e de entidades que sofrem com embargos para 52.
A medida vem depois da divulgação de documentos pelo Wikileaks no início do mês que demonstraram o envolvimento de uma empresa italiana na venda de equipamentos utilizados pelo governo sírio na repressão dos opositores de Assad.
Crise humanitária
Em decorrência da intensificação do conflito, a crise humanitária no país se agravou durante os últimos dez dias. No final da semana passada, cerca de 30 mil pessoas cruzaram a fronteira do país com o Líbano e cerca de um milhão de pessoas já se deslocaram internamento, segundo dados da Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).
Agência Efe
Refugiados sírios atravessam a fronteira com o Líbano
Além de oferecer uma proposta de negociação a Assad, a Liga Árabe também anunciou o envio de 100 milhões de dólares em ajuda para os refugiados sírios que estão nos países vizinhos.
A União Europeia também lembrou a difícil situação humanitária do conflito e disse que contribuirá com 24 milhões de dólares, segundo a Efe. “Temos que seguir trabalhando com os países vizinhos que recebem os refugiados sírios, especialmente Turquia, Líbano e Jordânia, mas também o Iraque”, disse Catherine Ashton, chefe da diplomacia do bloco europeu segundo a agência Efe.