O intenso ataque israelense à Faixa de Gaza, que matou cerca de 1,3 mil palestinos e deixou um rastro de destruição, causou um efeito colateral num dos maiores partidos políticos brasileiros. Integrantes do PT divergem e trocam críticas sobre o posicionamento a adotar perante o conflito entre a artilharia pesada do Exército israelenses e os mísseis Kassam do grupo palestinos Hamas, além da forma de fazê-lo.
No último dia 4, o partido divulgou uma nota com pesadas críticas a Israel, acusando o país de praticar “terrorismo de Estado” e adotar práticas comparáveis às nazistas. Assinado: Ricardo Berzoini, presidente, e Valter Pomar, secretário de Relações Internacionais.
Doze dias depois, um grupo de 36 petistas, entre eles Aloizio Mercadante, Marta Suplicy, José Genoino e Fernando Haddad, publicou uma carta em repúdio a determinados tópicos. A nota, segundo eles, posicionou o partido de forma equivocada “em relação a um conflito de notável complexidade” e errou ao comparar as ações israelenses a práticas nazistas, ao não afirmar o direito de Israel de existir e ao ignorar a “posição histórica” do partido de defender a coexistência pacífica entre os povos.
Após a publicação da carta dos dissidentes, Pomar divulgou outro texto em que rebate os pontos levantados separadamente e defende a nota inicial. “A nota do PT ajuda mais na luta pela paz do que as posições no mínimo tíbias adotadas pela carta dos 36, divulgada quase duas semanas depois da nota do partido e na véspera do encerramento da ofensiva de Israel”. Max Altman, integrante do coletivo da Secretaria de Relações Internacionais do PT, também se manifestou publicamente a favor das posições do comando do partido.
“Antes dessa discussão, já havia me pronunciado por escrito contra o conflito em Gaza. Acho natural que haja divergências dentro do partido”, afirmou hoje o deputado federal Jose Genoino (SP) ao Opera Mundi. “Mas sou contra comparar as ações de Israel ao nazismo. Isso não existe, é outra coisa. Também precisamos sempre lembrar que deve haver o Estado de Israel e um palestino. Por último, não dá para medir terrorismo, seja ele de Estado ou praticado por grupos armados”.
Na opinião dele, a polêmica entre os membros do partido está encerrada. Mas Valter Pomar ainda está contrariado. “O PT possui uma posição clara, que foi expressa. Dentro de uma democracia partidária, qualquer um tem o direito de discordar. No entanto, o conteúdo, o momento e a forma como eles expuseram seu pensamento foram equivocados. Lamento profundamente que este posicionamento não tenha sido feito de maneira mais discreta”, disse hoje.
Leia as cartas.
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