O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, afirmou nesta quinta-feira (04/02) que os bombardeios conduzidos pela Rússia na Síria estão forçando dezenas de milhares de sírios a deixarem suas casas. A declaração foi feita em uma conferência em Londres que reuniu líderes mundiais com o objetivo de para levantar fundos para a ajuda humanitária ao país.
EFE
Mais de 11 milhões de sírios foram forçados a se deslocar por conta da guerra; para a Turquia, Rússia agrava crise
“Entre 60 mil e 70 mil pessoas ao norte de Aleppo [cidade síria] estão indo em direção à Turquia. Minha cabeça não está em Londres agora, e sim em nossa fronteira. Como realocar essas pessoas vindas da Síria?”, declarou Davutoglu. O premiê turco afirmou que 300 mil pessoas que vivem em Aleppo “estão prontas para seguir para a Turquia”, segundo ele por conta dos ataques aéreos conduzidos pela Rússia.
Oficialmente, Moscou afirma que bombardeia alvos do grupo Estado Islâmico e que segue as resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Observadores militares, entretanto, afirmam que pelo menos 70% dos ataques aéreos russos tiveram grupos de oposição a Bashar al Assad, presidente sírio e aliado da Rússia, como alvo. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, cerca de 1.400 civis morreram com os ataques da Rússia, que afirmou que não irá parar com os bombardeios.
Ajuda humanitária
A conferência realizada em Londres reuniu mais de 10 bilhões de dólares (cerca de 40 bilhões de reais) em ajuda humanitária para a Síria, que há quase cinco anos enfrenta uma guerra civil. Delegações de mais de 70 países compareceram à reunião, que contou com a presença de Vladimir Putin, presidente da Rússia, Hassan Rouhani, presidente do Irã, Angela Merkel, chanceler da Alemanha, Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, e Alexis Tsipras, primeiro-ministro da Grécia, entre outros líderes. O Brasil foi representado pelo ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. “Nossos esforços hoje terão um impacto limitado se uma solução política significativa não for buscada”, declarou Vieira em discurso durante o encontro.
#Fotos: Ministro Mauro Vieira discursa na Conferência Internacional de Apoio à Síria e Região, hoje, em Londres. pic.twitter.com/KsDFA3oakv
— MRE Brasil–Itamaraty (@ItamaratyGovBr) 4 fevereiro 2016
NULL
NULL
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o Reino Unido mais que dobrará o valor total dos repasses humanitários para a Síria neste ano em relação a 2015, para um total de 2,3 bilhões de libras (aproximadamente R$ 13,2 bilhões). Cameron copresidiu a conferência de Londres.
Os recursos deverão ser gastos com mantimentos de primeira necessidade, como comida, água e medicamentos, com auxílio humanitário para abrigar os refugiados e com projetos educacionais na Síria e países fronteiriços como Líbano e Jordânia, entre outras áreas. Estima-se que 700 mil crianças e adolescentes sírios estejam impedidos de frequentar escolas em razão da guerra.
EFE
David Cameron e Angela Merkel comparecerem à conferência em Londres, que arrecadou mais de US$ 10 bilhões
A conferência ocorreu em meio ao acirramento de bombardeios na Síria. Nesta quarta-feira (03/02), foram suspensos por três semanas os diálogos de paz entre representantes do governo e da oposição da Síria em Genebra, na Suíça. Nesta quinta-feira, Ban Ki-moon declarou que “todos os lados do conflito [na Síria] estão cometendo abusos de direitos humanos em uma escala assustadora”.
“Após quase cinco anos de conflito, é incrível que, enquanto estamos aqui em Londres em 2016, a situação no local esteja ainda pior”, declarou o secretário de Estado dos EUA, John Kerry. A guerra civil na Síria teve início em março de 2011 e já deixou mais de 250 mil mortos. Aproximadamente 11 milhões de pessoas foram forçadas a se deslocar para outras regiões do país ou para o exterior.