Depois de grande expectativa, Jair Bolsonaro fez seu primeiro discurso como presidente brasileiro no exterior, nesta terça-feira (22/01), para uma plateia composta por líderes políticos estrangeiros, economistas e empresários na sessão inaugural do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
O presidente eleito não demorou mais do que oito minutos para passar o seu recado, na verdade mais uma apresentação do que o seu governo pretende fazer.
Em seu discurso, além de elogiar o Ministro Sérgio Moro, presente na plateia, como exemplo de combate à corrupção, Bolsonaro afirmou que investirá pesado em segurança para atrair turistas, uma vez que o Brasil não está entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo.
Afirmou ainda que a vocação agropecuária do Brasil coloca a missão de avançar na compatibilização entre meio ambiente e desenvolvimento, sem, no entanto, deixar claro de que forma pretende contribuir para a preservação da natureza.
Em seu breve pronunciamento, disse que pretende diminuir a carga tributária do país, além de reforçar a importância de parcerias comerciais, o que fará com que o brasil tenha condições de receber mais investimentos. Disse ainda que uma das maiores metas do seu governo será a abertura econômica e que até o fim do seu governo “estaremos no ranking dos 50 melhores países para fazer negócios”.
Encerrou o discurso reforçando que pretende resgatar valores como família, direitos humanos, vida e propriedade privada e que as ações de seu governo atrairão grandes negócios para o bem do brasil e para o bem de todo o mundo.
Em seguida ao seu discurso, Bolsonaro respondeu algumas perguntas feitas por Klaus Schwab, fundador do fórum, e aproveitou para falar sobre as reformas que deve fazer. “Pretendemos diminuir o tamanho do Estado, realizar reformas, por exemplo, como a da previdência e tributária, queremos tirar o peso do Estado de cima de quem produz, de quem empreende”.
Quando questionado sobre as intenções do governo brasileiro para promover a sustentabilidade, Bolsonaro afirmou que “O meio ambiente tem que estar casado com o desenvolvimento, nem para um lado, nem para outro. Nós temos o agronegócio, que é de conhecimento de todos, então a parte da agricultura ocupa menos de 9% do território nacional. A pecuária, aproximadamente 25%. Hoje, 30% do Brasil são florestas. Então, nós damos, sim, exemplo para o mundo. O que pudermos aperfeiçoar, nós o faremos. E nós pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2 e na preservação do meio ambiente”.
Com relação à integração do país na América Latina disse: “Nós estamos preocupados, sim, em fazer uma América do Sul grande, que cada país, obviamente, mantenha sua hegemonia local. Não queremos uma América bolivariana como há pouco existia no Brasil em governos anteriores”.
Confira abaixo a íntegra do discurso de Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial:
“Boa tarde a todos!
Muito obrigado, professor Schwab!
Agradeço, antes de mais nada, o convite para participar deste fórum e a oportunidade de falar a um público tão distinto.
Agradeço também a honra de me dirigir aos senhores já na abertura desta sessão plenária.
Esta é a primeira viagem internacional que realizo após minha eleição, prova da importância que atribuo às pautas que este fórum tem promovido e priorizado.
Esta viagem também é para mim uma grande oportunidade de mostrar para o mundo o momento único em que vivemos em meu país e para apresentar a todos o novo Brasil que estamos construindo.
Nas eleições, gastando menos de 1 milhão de dólares e com 8 segundos de tempo de televisão, sendo injustamente atacado a todo tempo, conseguimos a vitória. Assumi o Brasil em uma profunda crise ética, moral e econômica. Temos o compromisso de mudar nossa história.
Pela primeira vez no Brasil um presidente montou uma equipe de ministros qualificados. Honrando o compromisso de campanha, não aceitando ingerências político-partidárias que, no passado, apenas geraram ineficiência do Estado e corrupção. Gozamos de credibilidade para fazer as reformas de que precisamos e que o mundo espera de nós. Aqui entre nós, meu ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o homem certo para o combate à corrupção e o combate à lavagem de dinheiro.
Vamos investir pesado na segurança para que vocês nos visitem com suas famílias, pois somos um dos primeiros países em belezas naturais, mas não estamos entre os 40 destinos turísticos mais visitados do mundo. Conheçam a nossa Amazônia, nossas praias, nossas cidades e nosso Pantanal. O Brasil é um paraíso, mas ainda é pouco conhecido!
Somos o país que mais preserva o meio ambiente. Nenhum outro país do mundo tem tantas florestas como nós. A agricultura se faz presente em apenas 9% do nosso território e cresce graças a sua tecnologia e à competência do produtor rural. Menos de 20% do nosso solo é dedicado à pecuária. Essas commodities, em grande parte, garantem superávit em nossa balança comercial e alimentam boa parte do mundo.
Nossa missão agora é avançar na compatibilização entre a preservação do meio ambiente e da biodiversidade com o necessário desenvolvimento econômico, lembrando que são interdependentes e indissociáveis.
Os setores que nos criticam têm, na verdade, muito o que aprender conosco.
Queremos governar pelo exemplo e que o mundo restabeleça a confiança que sempre teve em nós.
Vamos diminuir a carga tributária, simplificar as normas, facilitando a vida de quem deseja produzir, empreender, investir e gerar empregos. Trabalharemos pela estabilidade macroeconômica, respeitando os contratos, privatizando e equilibrando as contas públicas.
O Brasil ainda é uma economia relativamente fechada ao comércio internacional, e mudar essa condição é um dos maiores compromissos deste Governo.
Tenham certeza de que, até o final do meu mandato, nossa equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, nos colocará no ranking dos 50 melhores países para se fazer negócios.
Nossas relações internacionais serão dinamizadas pelo ministro Ernesto Araújo, implementando uma política na qual o viés ideológico deixará de existir.
Para isso, buscaremos integrar o Brasil ao mundo, por meio da incorporação das melhores práticas internacionais, como aquelas que são adotadas e promovidas pela OCDE.
Buscaremos integrar o Brasil ao mundo também por meio de uma defesa ativa da reforma da OMC, com a finalidade de eliminar práticas desleais de comércio e garantir segurança jurídica das trocas comerciais internacionais.
Vamos resgatar nossos valores e abrir nossa economia. Vamos defender a família e os verdadeiros direitos humanos; proteger o direito à vida e à propriedade privada e promover uma educação que prepare nossa juventude para os desafios da quarta revolução industrial, buscando, pelo conhecimento, reduzir a pobreza e a miséria.
Estamos aqui porque queremos, além de aprofundar nossos laços de amizade, aprofundar nossas relações comerciais.
Temos a maior biodiversidade do mundo e nossas riquezas minerais são abundantes. Queremos parceiros com tecnologia para que esse casamento se traduza em progresso e desenvolvimento para todos.
Nossas ações, tenham certeza, os atrairão para grandes negócios, não só para o bem do Brasil, mas também para o de todo o mundo.
Estamos de braços abertos. Quero mais que um Brasil grande, quero um mundo de paz, liberdade e democracia.
Tendo como lema “Deus acima de tudo”, acredito que nossas relações trarão infindáveis progressos para todos.
Muito obrigado.”
Fotos Públicas
Em apenas oito minutos, o presidente brasileiro, que foi o primeiro chefe de Estado da América Latina a discursar na abertura do fórum, adot