Cerca de 100 toneladas de esterco e legumes podres foram jogados nesta quinta-feira (06/11) em frente a prédios da Prefeitura da cidade francesa de Chartres, a sudoeste de Paris. A medida faz parte de uma onda de protestos de agricultores franceses, que estão irritados com o excesso de regulamentação, a economia fraca e a falta de protecionismo contra a concorrência estrangeira.
Desde terça (04/11), a França foi tomada por uma série de manifestações que já reuniram pelo menos 35 mil pessoas e chegaram inclusive a cidades com mais densidade populacional, como Nantes, Toulouse e Tours.
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França começou a aplicar uma diretiva da UE que obriga fazendeiros a reduzir a poluição por nitratos, implicando novos gastos e revolta
Já na Praça da República, em Paris, agricultores despejaram ontem 60 toneladas de batata e 20 toneladas de cebolas, maçãs e peras cultivadas na região. Em Dijon, os agricultores queimaram uma efígie da ministra da Ecologia, Ségolène Royal, que já foi casada com o atual presidente, François Hollande.
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“Esta é uma ação simbólica. Muitas vezes, os agricultores não colhem seus produtos porque custa muito caro e não vale a pena, então, vai para o lixo. Em vez de fazer isso, decidimos dá-los aos parisienses para passar a nossa mensagem”, explicou o fazendeiro Cyrille Milard ao RT.
Neste ano, o país começou a aplicar uma diretiva da União Europeia que obriga fazendeiros a reduzir a poluição por nitratos, implicando novos gastos com fertilizantes e melhorias nas instalações para cumprir a norma.
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Mobilizações ao redor do país foram organizadas por dois dos principais sindicatos agrícolas que tomaram as ruas
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“Os mercados precisam ser regulados. Nós importamos 80% de vegetais e 80% de carne. A cada semana, nossos agricultores saem da profissão, porque não conseguem vender os seus produtos. Nós temos produtos de alta qualidade”, acrescentou Milard.
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As mobilizações ao redor da França foram organizadas por dois dos principais sindicatos agrícolas, a FNSEA (Federação Nacional de Sindicatos de Exploração Agrícola) e a Jeunes Agriculteurs (Jovens Agricultores).
“Os tomates são de Marrocos, as maçãs são da Itália… o Ministério da Economia deveria dar o exemplo de ‘Made in France’, o que não é o caso”, completou o vice-líder de um dos movimentos, Samuel Vandaele.