Várias das maiores companhias de seguros internacionais enviaram, neste domingo (13/02), cartas a proprietários de aeronaves alugadas por companhias aéreas informando que a cobertura de seguro para qualquer aeronave na Ucrânia ou sobre a Ucrânia cessará dentro de 48 horas.
Uma das afetadas foi a companhia ucraniana SkyUp. “A decisão está ligada aos altos riscos do surto de hostilidades”, disse a companhia aérea, confirmando relatórios publicados pelo diário ucraniano Strana.
“Nem um único avião decolará da Ucrânia e voará para a Ucrânia a partir do meio-dia de segunda-feira”, disse ao jornal um membro da indústria de seguros.
A informação foi confirmada ao jornal por outra fonte, um político que possui um jato particular, que disse ter recebido hoje uma mensagem de sua seguradora, pedindo-lhe que transferisse seu avião para a zona aérea europeia.
Medida previsível
Para outra fonte ouvida pelo Strana, a decisão “não é uma surpresa para o mercado”.
“A primeira indicação veio antes do Ano Novo, quando um arrendador, uma empresa europeia, exigiu a retirada de dois aviões de uma companhia aérea ucraniana da Ucrânia”, disse o informante interno.
“Naquela época, ainda não estava claro a que é que isto estava ligado. Começaram a surgir rumores de que era um problema com uma determinada companhia aérea, que não tinha dinheiro e não se sabia se poderia ou não pagar, então as seguradoras aconselharam o proprietário da aeronave a levá-los para a Europa. Mas desde janeiro, tais precedentes se repetiram com outras companhias aéreas”, continuou a fonte, dizendo que as companhias de seguros estão “cada vez mais exigentes” para que os aviões com os quais trabalham não sejam estacionados em Kiev.
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KLM anunciou que deixará de voar para a Ucrânia
A fonte acrescentou que “a decisão de não cobrir os riscos de voo sobre a Ucrânia foi amadurecida durante muito tempo” e acelerada pela especulação da mídia sobre o momento específico de uma suposta agressão russa.
Como resultado da medida, não somente as empresas estrangeiras deixarão de operar voos de e para a Ucrânia, mas também as ucranianas, disse a fonte ao Strana. “O seguro aéreo é complexo e caro, e normalmente é fornecido não por uma empresa, mas por várias. Por exemplo, uma companhia aérea ucraniana pode ter seguro de uma companhia de seguros ucraniana, mas sempre com resseguro em Londres”, explicou a fonte, observando que, sem seguro estrangeiro, “não haverá garantias para as transportadoras ucranianas” e “a Wizz Air, que tem cinco aviões estacionados na Ucrânia, está em risco”.
Primeiras recusas
A maioria das companhias aéreas ainda não comentou os relatórios. Entretanto, a holandesa KLM confirmou ao jornal De Telegraaf que cancelou seus voos para Kiev a partir desta noite e “ainda não está claro” quando irá reverter essa decisão. Da mesma forma, a SkyUp teve que pousar seu avião voando da cidade portuguesa de Funchal para Kiev em Chisinau, a capital da Moldávia, depois que o proprietário da aeronave proibiu a entrada da aeronave no espaço aéreo ucraniano.
Comentando a situação à Reuters, Mikhail Podoliak, conselheiro do chefe de pessoal do presidente ucraniano, enfatizou que a Ucrânia “não vê nenhum sentido em fechar o céu”.
“Isto é um absurdo. E, em minha opinião, parece uma espécie de bloqueio parcial”, disse.