Ricardo Stuckert Filho/Presidencia da Republica
A presidente Dilma Rousseff chegou nesta quarta-feira (01/02) ao Haiti para conversar sobre questões econômicas e de imigração, após uma visita a Cuba, onde assinou uma série de acordos comerciais e acompanhou o desenvolvimento do Porto de Mariel, que tem financiamento brasileiro.
Em Porto Príncipe, Dilma foi recebida pelo presidente haitiano, Michel Martelly, e pelo primeiro-ministro, Garry Conille. Logo em seguida as autoridades brasileiras e haitianas seguiram para o palácio presidencial, para iniciar as negociações, que devem se focar nos esforços do Brasil para lidar com os imigrantes haitianos que chegam ao país desde janeiro de 2010, quando um terremoto devastador atingiu o Haiti.
Na segunda-feira, o Brasil anunciou que alocou mais de 500 mil dólares para ajudar os mais de 4 mil imigrantes haitianos que estão recebendo o visto de residência permanente. Os estados do Acre e do Amazonas, que fazem fronteira com o Peru, viram chegar ao país um grande número de haitianos ilegais desde o terremoto, que deixou 15% de toda a população do Haiti – de quase 10 milhões de pessoas – desabrigada ou morta.
Outros temas que deverão entrar na pauta são a cooperação em saúde – o Brasil financia a maior parte da reestruturação da área no país e levou médicos brasileiros para trabalhar com os cubanos nas medidas de implantação de um sistema comunitário de atendimento. O Brasil também ofereceu aos haitianos 100 vagas para treinamento de policiais pela Polícia Federal. A intenção é preparar a polícia haitiana para a gradual retirada das tropas da Minustah — comandada pelo Brasil — que começa em março.
A presidente se reunirá também com empresários e diretores de organizações não-governamentais que atuam no país, como o ator norte-americano Sean Penn.
Cuba
A presidente assinou em Havana acordos para criar um banco de dados geológicos, reforçar o Centro de Tecnologia e Qualidade do ministério da Indústria Siderúrgica e criar uma rede de bancos de leite materno. No âmbito dos acordos, o Brasil enviará especialistas para supervisionar a implementação dos projetos e para treinar especialistas cubanos no Brasil.
Dilma também visitou o porto de Mariel, 50 km a oeste de Havana, onde o Brasil destinou 450 milhões de dólares para financiar a expansão das instalações portuárias.
O comércio bilateral atingiu um recorde de 642 milhões de dólares em 2011, fazendo do Brasil o segundo maior parceiro comercial de Cuba na América Latina, atrás da Venezuela.
Na terça-feira, Dilma recusou-se a criticar a posição de Cuba em relação aos direitos humanos, dizendo que o problema não deve ser utilizado como uma arma de combate político-ideológico. “Que atire a primeira pedra quem não tiver telhado de vidro. Nós temos no Brasil. Sendo assim, concordo em falar de direitos humanos de uma perspectiva multilateral”, disse Dilma à imprensa no Palácio da Revolução.
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