As forças israelenses intensificaram nesta segunda-feira (13/05) a ofensiva no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, e mantiveram as operações nos arredores de Rafah, no sul do enclave palestino. De acordo com moradores e médicos, projéteis de tanques atingiram o centro do acampamento e ataques aéreos destruíram várias casas à noite, deixando mortos e feridos.
Em Rafah, perto da fronteira com o Egito, Israel também intensificou seus bombardeios aéreos e terrestres em áreas no leste da cidade, dando continuidade à ofensiva lançada na semana passada.
De acordo com moradores, tanques israelenses cortaram a estrada de Salah ad-Din, a principal rota que atravessa a parte leste de Rafah. Houve intensos combates e soldados israelenses também foram vistos no sudeste da cidade.
Segundo o grupo Hamas, que está no controle da Faixa de Gaza desde 2007, seus combatentes trocaram tiros com as forças israelenses em uma das ruas no leste de Rafah e de Jabalia.
Neste domingo, o Hamas acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de impedir as negociações de trégua e a libertação dos reféns mantidos em Gaza.
O movimento palestino alegou ter aceitado uma proposta dos mediadores (Egito, Catar e Estados Unidos), mas Israel respondeu que a proposta aceita estava “longe de suas exigências”.
Já o chefe da ONU, António Guterres, voltou a pedir um cessar-fogo e a libertação dos reféns em uma conferência na cidade do Kuwait, onde doadores prometeram mais de US$ 2 bilhões em dois anos para operações humanitárias em Gaza.
O Egito, que é contra a operação em Rafah, disse que se juntaria à África do Sul em seu pedido ao Tribunal Internacional de Justiça para impor novas medidas de emergência a Israel, dada “a extensão dos ataques israelenses contra civis palestinos”.
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Estados Unidos reconheceram que ofensiva israelense matou mais civis do que combatentes do Hamas
“Caos e anarquia”
Para o secretário de Estado americano, Antony Blinken, uma grande ofensiva israelense em Rafah provocaria “caos” e “anarquia”, sem eliminar o Hamas.
O plano que está sendo considerado por Israel em Rafah “corre o risco de causar enormes danos à população civil sem resolver o problema”, disse o chefe da diplomacia norte-americana à NBC neste domingo. “Vimos o Hamas retornar às áreas que Israel libertou no norte, até mesmo a Khan Yunis”, disse Blinken.
Os Estados Unidos ameaçaram publicamente suspender a entrega de certas categorias de armas a seu aliado Israel, incluindo projéteis de artilharia, caso Israel lançasse uma grande ofensiva em Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Questionado se os Estados Unidos consideravam que mais civis foram mortos em Gaza do que membros do Hamas, Antony Blinken respondeu “sim”.
Blinken também conversou no domingo com o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e reiterou a oposição dos EUA a uma grande operação terrestre em Rafah.
O secretário de Estado “enfatizou a necessidade urgente de proteger civis e trabalhadores humanitários em Gaza e instou o secretário a garantir que a ajuda possa entrar em Gaza”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em um comunicado.
Segundo novo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde de Gaza, 35.034 pessoas morreram na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino.
Colapso no sistema de saúde
O Ministério da Saúde do Hamas na Faixa de Gaza alertou na segunda-feira que o sistema de saúde do território palestino está “entrando em colapso devido à falta de combustível”, o que poderá provocar a interrupção total no atendimento.
“Estamos a poucas horas de um colapso do sistema de saúde na Faixa de Gaza, na ausência do combustível necessário para operar geradores hospitalares, ambulâncias e transporte de pessoal”. O território palestino já está sem eletricidade desde o início do conflito, em 7 de outubro.