Os tanques israelenses que há poucos dias estavam estacionados na fronteira de Rafah, cidade entre a Faixa de Gaza e o Egito, agora alcançaram áreas residenciais enquanto o exército de Israel avança em sua ofensiva contra a região, que abriga mais de um milhão de deslocados palestinos segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo o jornal britânico The Guardian, os veículos militares israelenses avançaram para o leste de Rafah, usando a estrada de Salah al-Din para chegar aos bairros Brazile Jneina. A região alcançada é a mesma que recebeu, no último sábado (11/05) ordens de evacuação de civis para zonas humanitárias.
Uma fonte relatou à agência Reuters que os tanques “estão nas ruas dentro da área urbana e há confrontos”. Em concordância com o desrespeito do perímetro civil e humanitário por Israel, um funcionário da ONU informou que havia posições israelenses a cerca de dois quilômetros de seu posto de trabalho.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha) calcula que desde o início das ordens israelenses de evacuação em Rafah, cerca de 20% da população de Gaza foi deslocada novamente.
“As famílias continuam fugindo para onde podem – inclusive para escombros e dunas de areia – em busca de segurança. Mas não existe segurança em Gaza”, afirmou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).
Forced displacement continues in the #GazaStrip@UNOCHA reports about 20% of #Gaza’s population have been displaced again in the past week
Families keep fleeing where they can – including to rubble & sand dunes – in search of safety. But there’s no such thing in Gaza#Ceasefire pic.twitter.com/GxB7IPQAm0
— UNRWA (@UNRWA) May 14, 2024
A entidade estima que desde 6 de maio, diante das ameaças de invasão israelenses a Rafah, cerca de 450 mil pessoas foram deslocadas, apesar de “nenhum lugar ser seguro”.
Ataques em toda a Faixa de Gaza
Com o foco israelense em Rafah, era esperado que os ataques em outras regiões da Faixa de Gaza fossem cessados. No entanto, nesta última segunda-feira (13/05), o exército do país intensificou uma ofensiva contra o campo de refugiados de Jabalia, no Norte do enclave – ao mesmo tempo em que os tanques operavam contra Rafah, no Sul.
Já nesta terça-feira (14/05), as autoridades de guerra de Israel confirmaram a realização de um ataque contra uma escola pertencente à UNRWA, localizada na zona residencial do campo de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.
Segundo seu relatório, o atentado foi realizado com base em dados de inteligência que supostamente indicavam “uma sala de guerra do Hamas” dentro da escola humanitária.
“O ataque foi realizado com munições de precisão para minimizar os danos a civis não envolvidos”, afirmaram no texto. E como resultado, “foram eliminados cerca de 15 agentes de organizações terroristas na Faixa de Gaza”.
Ministros de Netanyahu defendem ocupação israelense
O Dia da Independência de Israel, comemorado nesta terça-feira (14/05), foi marcado por uma manifestação da extrema direita do país, defendendo a ocupação israelense em Gaza e a expulsão dos palestinos do enclave.
Dois membros do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu participaram do ato: o ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir.
“Para preservar as conquistas de segurança pelas quais os nossos soldados perderam as suas vidas, devemos reassentar Gaza com forças de segurança e colonos”, disse Karhi, segundo o periódico local Haaretz.
O ministro ainda afirmou que a ocupação israelense do enclave “é a única maneira real de defender nossa nação e nosso país e de fazer com que os nazistas do Hamas paguem um preço”.
Já Ben-Gvir defendeu que a ocupação é a “verdadeira solução”. “Devemos regressar a Gaza agora! Estamos voltando para a Terra Santa! Devemos encorajar a emigração [dos palestinos]. Incentivar a emigração voluntária dos residentes de Gaza”, declarou o ministro.
O representante do governo Netanyahu ainda se opôs à entrega de ajuda humanitária para os civis palestinos na região, que têm sofrido em grave crise alimentar e de saúde por causa da ofensiva israelense.
“Quer ajuda humanitária? Quer comida para as crianças em Gaza? Então eles deveriam devolver [os jovens reféns israelenses] Ariel e Kfir Bibas. Querem que as mulheres em Gaza tenham um teto sobre suas cabeças? Então elas deveriam devolver [a refém israelense] Shiri Bibas e todos os outros reféns”, discursou.
(*) Com Rt en español