Representantes de partidos e organizações da esquerda
latino-americana e caribenha estão reunidos desde domingo (15/07) na 24ª
reunião anual do Foro de São Paulo, em Havana, Cuba, para elaborar estratégias em
contraofensiva às ações da direita regional e aposta na unidade.
O Foro foi criado em 1990. Agrupa mais de uma centena de
forças progressistas do continente e se reúne pela terceira vez na ilha (1993 e
2001), em um cenário semelhante ao que o viu nascer há quase três décadas.
O primeiro dia do encontro foi marcado por demonstrações de
solidariedade aos líderes e governos da região que sofreram ataques da direita,
tais como Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia e Brasil. O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva enviou uma carta, que foi lida no plenário.
“Sempre disse que, se querem disputar conosco, que disputem
politicamente, que se candidatem, que nos derrotem democraticamente, se for o
caso. Pois não temos medo e sabemos encará-los e discutir com o povo qual é o futuro
que ele quer: se é desenvolvimento soberano com justiça social ou o entreguismo
e concentração de terra”, afirmou o ex-presidente no texto.
A ex-presidente Dilma Rousseff, por sua vez, disse durante o
encontro considerar que seu “crime” e o de Lula foi defender a população mais
humilde e soberania dos recursos naturais.
Impulsionado por figuras políticas como o líder histórico da
Revolução cubana, Fidel Castro (1926-2016), e pelo ex-presidente Lula, o Foro
de São Paulo surgiu para dar resposta desde a esquerda a desafios como a queda
do campo socialista e as consequências do neoliberalismo.
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Reunião do Foro de São Paulo acontece em Havana até esta terça (17/07) / Granma
A secretária-executiva do Foro, Monica Valente, afirmou que a reunião deste ano tem importância política e estratégica. “A ideia visionária destes líderes [Fidel e Lula] de construir uma plataforma política anti-imperialista e antineoliberal, junto à ideia de unidade de consenso, parecia uma utopia que jamais conseguiríamos alcançar”, disse em seu discurso inicial.
“Este 24º encontro pode ter a mesma importância histórica dos anos 90, quando caiu o Muro de Berlim”, afirmou Valente.
Expectativas
Para o cientista político argentino Atilio Borón, a reunião se realiza em um cenário de intensa contraofensiva imperialista, que tem como alvos preferenciais produzir a mudança de regime na Venezuela, o recrudescimento ainda maior dos torniquetes do bloqueio a Cuba e isolar o governo do presidente boliviano, Evo Morales. Segundo ele, o Foro vai discutir os erros e acertos dos governos progressistas da região.
Já para o coordenador internacional da Rede de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, Pablo Sepúlveda romper o cerco informativo é uma das estratégias da reunião, propondo uma ofensiva que “frature” ainda mais o sistema capitalista.
O chamado pela unidade das esquerdas já havia sido feito há 25 anos por Fidel Castro, quando Havana acolheu a quarta reunião do Foro de Sao Paulo. ‘Que menos podemos fazer e que menos pode fazer a esquerda da América Latina do que criar uma consciência em favor da unidade? Isto deveria estar inscrito nas bandeiras da esquerda. Com ou sem socialismo (…)’, afirmou naquela ocasião.
(*) Com Prensa Latina e Cubadebate