Centenas de equatorianos foram às ruas nesta terça-feira (29/09) em protesto contra o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país após diversas tentativas do órgão de barrar a candidatura da coalizão de esquerda União pela Esperança (UNES), integrada pelo ex-presidente Rafael Correa.
O ato, que foi convocado inclusive pela UNES, vêm após o CNE tentar impedir a inscrição da chapa da coalizão às eleições presidenciais marcadas para 2021.
O órgão eleitoral do Equador já barrou a candidatura do ex-mandatário Rafael Correa à vice-presidência.
“Diante das últimas tentativas espúrias do CNE de impedir a inscrição do binômio da Esperança e violar o direito dos equatorianos de participarem das eleições, convocamos urgentemente uma grande mobilização nacional”, disse a coalizão em nota.
Diversos movimentos populares estiveram presentes no protestos. Miguel Delgado, líder indígena de Cañar, afirmou que está nas ruas para defender a democracia e o direito da esquerda concorrer nas eleições. “Não é possível que este governo esteja nos roubando a democracia em pleno século 21. Temos que demonstrar que quatro ou cinco pessoas não podem mandar no país. Exigimos respeito à democracia”, disse.
¡Impresionante!
¡La gente perdió el miedo!#ElPeorGobiernoDeLaHistoria , su candidato Lasso, y el CNE saben que sin la pandemia, todo el país estaría en las calles.
¡Hasta la victoria siempre! pic.twitter.com/ZsLjUtsFu7— Rafael Correa (@MashiRafael) September 29, 2020
Reprodução/Izquierda Unida
Centenas de manifestantes se reuniram em frente à sede do CNE
Pelo Twitter, Correa gravou uma mensagem de apoio aos protestos e disse que a saída para a crise no país são as eleições. “Quando [Lenín] Moreno começou a perseguir correístas, muitos disseram que não era com eles. A indiferença custou caro. Esses ataques não são contra a UNES ou Arauz, são contra todos os equatorianos. Vamos superar esse ódio e atuar pela pátria”, disse.
A UNES está esperando que o CNE finalize o processo de impugnação da chapa que tinha Correa como candidato a vice para inscrever Carlos Rabascall como companheiro de chapa de Andrés Arauz, que é candidato à presidência. Entretanto, segundo dirigentes da coalizão de esquerda, existem pressões dentro do órgão eleitoral para que o processo seja atrasado e a chapa da UNES não consiga participar das eleições.
A defesa do ex-presidente, assim como diversos organismos internacionais, denunciam o uso do lawfare contra Correa, quando a justiça é utilizada para perseguir adversários políticos.
O Equador viveu uma mudança de hegemonia política com a vitória do atual presidente Lenín Moreno nas eleições de 2017. Moreno, que é ex-vice de Correa, foi eleito com uma proposta de continuidade dos mandatos progressistas correístas, mas abandonou o programa após a vitória e adotou uma política neoliberal de austeridade e repressão contra movimentos populares.
Correa vive na Bélgica desde 2017, quando os processos contra ele começaram a ameaçar sua militância política.