Uma pesquisa divulgada neste sábado (05/03) na Espanha indica que a metade dos eleitores do Podemos desaprova o “não” da legenda na votação que rejeitou a formação de um novo governo comandado pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol). A sondagem, feita pelo instituto especializado Metroscopia, consultou os eleitores no mesmo dia em que o socialista Pedro Sánchez foi rejeitado pela segunda vez no Parlamento, na última sexta-feira (04/03).
EFE
O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias (em pé), tem se mostrado contrário a compor coalizão com o Ciudadanos
De acordo com a pesquisa, 48% dos espanhóis recebem como má notícia o fracasso de Sánchez, frente a 36% que veem como boa notícia. Para 80%, o tempo do presidente de governo interino, Mariano Rajoy, já passou e ele deve ser substituído por um novo nome.
O PSOE e principalmente o Ciudadanos, partido de orientação liberal que havia feito um acordo com os socialistas, são vistos como as forças que buscaram realizar um acordo para a formação de um novo governo, aponta a pesquisa. O Podemos e o PP (Partido Popular, de Rajoy) foram os principais responsáveis, tendo dificultado as negociações políticas. O Podemos é responsabilizado pelo fracasso de Sánchez por 38% das pessoas consultadas, frente a 35% do PP, 15% do PSOE e 2% do Ciudadanos.
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Entenda a situação na Espanha
Sánchez foi o primeiro candidato a presidente de governo na história da Espanha a fracassar nas duas votações de investidura no Parlamento. O acordo que o PSOE fez com o Ciudadanos retirou o apoio de forças de esquerda, como Podemos, IU (Esquerda Unida, na sigla em espanhol) e Compromís, que votaram pelo “não”.
O secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, afirmou que o programa de governo do PSOE e do Ciudadanos é incompatível com o do seu partido. “Há duas opções para formar um governo: uma grande coalizão a três [PSOE, Ciudadanos e PP] ou um governo de mudança [com partidos de esquerda]”, disse.
EFE
Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE: “não sei de onde Iglesias tira tanto ódio e rancor do PSOE”
O rei Felipe VI terá agora o prazo de dois meses para propor um nome para formar o governo. Caso a tentativa falhe, a Constituição prevê a convocação de novas eleições. O rei irá se reunir na segunda-feira (07/03) com o presidente do Congresso dos Deputados, Patxi López, para tratar de possíveis nomes.
Em entrevista publicada neste domingo (06/03) no jornal espanhol El País, Sánchez sinaliza que não desistiu da investidura e que tentará firmar um acordo com o Podemos, algo a que Iglesias tem se mostrado fortemente contrário. “O comando dos espanhóis em dezembro [mês das eleições] foi que o governo não poderia ser ideologicamente monocromático”, afirmou Sánchez, que ainda disse não saber “de onde Pablo Iglesias tira tanto ódio e rancor do PSOE”.