A Comissão Europeia aprovou nesta quarta-feira (28/11), em Bruxelas, um plano do governo espanhol para reestruturar quatro dos bancos mais prejudicados pela crise no país.
Após terem sido nacionalizados para sanar rombos financeiros em programas de concessão de crédito imobiliário, Bankia, Banco de Valencia, NCG e Catalunya Banc poderão retornar em breve à iniciativa privada.
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O governo do conservador PP (Partido Popular) já negocia o Banco de Valencia com o Caixa Bank e os outros três terão de passar por rígidos cortes orçamentários, como uma redução de 60% no volume de investimentos, o fechamento de metade de suas agências e a demissão de boa parte dos funcionários. Bankia, o maior do grupo que poderá ser novamente privatizado, anunciou que demitirá cerca de seis mil funcionários (28% de todo seu expediente) e encerrará as atividades de 39% de suas agências.
Ativos do Bankia e do Banco de Valencia deixaram de ser negociados na Bolsa de Madri para que investidores refletissem e se aprofundassem mais nos detalhes anunciados pela Comissão Europeia.
Efe
Com a venda desses bancos, o governo de Mariano Rajoy passa a ter acesso a um empréstimo de 37 bilhões de euros do Banco Central Europeu. No total, o país tem direito a 100 bilhões de euros da Zona do Euro para sanar os rombos de seu sistema bancário. Cerca 18 bilhões de euros da nova linha de crédito serão destinados especificamente ao Bankia. Outros 9 bilhões de euros seguem para o Catalunya Banc, 5,5 bilhões para o NCG e 4,5 bilhões para o Banco de Valencia.
O argumento do gabinete de Mariano Rajoy é que, com a redução dos custos de operação, bancos conseguirão quitar suas dívidas com o Banco Central Espanhol, órgão responsável por adquirir linhas de crédito do Banco Central Europeu. Mais além, o governo também tentará elevar a liquidez das entidades financeiras do país comprando seus títulos podres, isto é, cartas de pagamento duvidoso, normalmente negociados com grande deságio.
Protestos estudantis
Estudantes e docentes da Universidade Complutense de Madri (UCM), uma das maiores da Espanha, tomaram o centro de Madri nesta terça-feira (27/11) em manifestações contra a série de planos de austeridade implementada pelo governo de Mariano Rajoy para angariar empréstimos do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Central Europeu.
De acordo com um manifesto divulgado pelos estudantes, o objetivo do protesto é fazer com que “cidadãos estejam conscientes de que é impossível haver uma sociedade democrática e avançada sem uma boa universidade pública e acessível àqueles que tenham méritos acadêmicos suficientes, sem discriminação econômica”.
A Reitoria apoia as manifestações e permitiu que os alunos utilizassem inclusive seus servidores oficiais de email para divulgar a toda comunidade os princípios das manifestações. A UCM conta com quase 85 mil alunos de graduação matriculados e sete mil docentes e pesquisadores. Há anos ela traz consigo uma enorme dívida, o que favoreceu ainda mais a eclosão de protestos contra o governo do PP.