Milhares de estudantes tomaram as ruas de Montreal, no Canadá, para protestar contra recente lei aprovada na província do Quebec que restringe manifestações populares. A resposta da polícia aos protestos desta quinta-feira (24/05) foram mais de 500 prisões — um recorde no país — e um saldo de 20 manifestantes feridos. Foram usados canhões d'água e bombas de gás lacrimogêneo.
Aprovada pelo premiê da província sexta-feira passada, a nova legislação proíbe a realização de manifestações e comícios sem que a polícia seja previamente avisada. Contudo, o ponto mais polêmico é o que torna ilegal concentrações em massa de estudantes junto a estabelecimentos de ensino.
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Elaborada após uma greve de mais de 100 dias de estudantes universitários contrários ao aumento das mensalidades, a nova norma prevê pesadas multas para os manifestantes que impeçam a ida às aulas: até cinco mil dólares para os manifestantes, entre sete e 35 mil para os líderes das associações estudantis e 125 mil para as próprias organizações.
Revoltados, os estudantes se recusam a cumprir as determinações e prometem continuar os protestos. “O ministro da Segurança diz que não acabou totalmente com o direito de protestar, mas que ele foi melhor estruturado. Eles defendem esta lei, mas as suas ações continuam as mesmas”, disse Martin Desjarden, presidente da Federação de Estudantes Universitários.
“Desta forma, as autoridades pressionam os estudantes cada vez mais e esperam que o movimento se desagregue por si próprio. Na verdade, acontece o contrário. O movimento de protesto vai aumentando e já saiu das fronteiras do Quebec. Temos visto muitos manifestantes de Vancouver, Toronto e Calgary, afirmou Desjarden.
Abalado por escândalos de corrupção, o governo do primeiro-ministro Jean Charest, do Partido Liberal, aumentou em 82% em sete anos as mensalidades no Canadá. “Lamentamos que o governo Charest tenha escolhido o caminho da repressão em vez do caminho da negociação”, declarou à agência France Presse um dos dirigentes da luta estudantil, Léo Bureau-Blouin.
“As autoridades devem suspender esta lei, enquanto não acontecer algo irremediável. A verdade é que eles podem ferir gravemente alguém ou até atingir alguém mortalmente. Isso será uma terrível tragédia, ninguém quer que tal aconteça, mas não temos outra saída”, afirmou um manifestante.
As mensalidades são contribuições cobradas em universidades públicas de alguns países para custear o salário de funcionários, manutenção das dependências, entre outros gastos.
* Com informações do Esquerda.net e France Presse