Os chimpanzés não poderão mais ser utilizados em pesquisas médicas e comportamentais financiadas pelo governo dos Estados Unidos, conforme uma nova proposta da agência federal de fomento à pesquisa do país. Agora, os cientistas devem se atentar a uma série de regras sobre o uso desses animais antes de propor um projeto ao órgão.
Reprodução/ Chimp Haven
Dezenas de chipanzés que estavam em laboratórios já estão sendo enviados à refúgio (foto)
Além de cortar os fundos de todas as pesquisas que envolvem esses animais, o NIH (Instituto Nacional de Saúde) determinou o envio de centenas de chimpanzés detidos em laboratórios a parques ecológicos ou reservas ambientais e proibiu a reprodução para fins investigativos.
Os chimpanzés apenas poderão ser utilizados quando não existir outra maneira de estudar uma ameaça à saúde humana e os pesquisadores devem adequar o espaço para sua convivência. Eles devem permanecer em locais amplos, com acesso ao ar livre; em grupos de pelo menos 7 e com lugares para brincar. O isolamento em gaiolas e o uso de determinados medicamentos não será mais permitido.
A aprovação desse tipo de projeto ainda estará submetida a um comitê independente com a participação de membros da sociedade civil.
A agência, responsável por 28% da verba governamental destinada à pesquisa biomédica, já havia afirmado em 2011 que excluiria pesquisas invasivas com chimpanzés e emitiu um relatório com as recomendações. O Conselho dos Conselheiros do NIH decidiu nesta terça-feira (22/01) aprovar o relatório de propostas, que será enviado ao diretor do órgão depois de 60 dias para comentários do público.
Reprodução/Chimp Haven
Apesar disso, as autoridades norte-americanas já começaram o envio de dezenas de chimpanzés para diferentes parques: nove deles, provenientes da Universidade de Lousiana, chegaram nesta terça ao campo Chimp Haven (Abrigo dos Chipanzés, em português). Outros sete animais devem chegar amanhã (24/01) no local e outros 95, nos próximos meses.
Apenas 50 chimpanzés devem permanecer em laboratórios, mas de acordo com as novas regras estipuladas pelo órgão.
Segundo o Washington Post, apenas 2 dos 30 projetos financiados pelo NIH atendem aos critérios propostos. Ambos envolvem o estudo de doenças infecciosas e imunologia. Dezessete outros serão autorizados com melhores condições para a vida dos chimpanzés.
Defensores dos direitos animais afirmaram estar satisfeitos com as recomendações. “Finalmente, nosso governo federal entendeu: um chimpanzé não pode viver em um laboratório assim como o ser humano não deve viver em uma cabine telefônica”, diz em comunicado o People for Ethical Treatment of Animals.
O refúgio dos chimpanzés
Em 2000, o Congresso norte-americano fundou o Chimp Haven, mas limitou os gastos a 30 milhões de dólares. Desde então, o NIH gastou 29 milhões de dólares no local, que abriga 109 chimpanzés, e arrecadou 5 milhões de dólares em doações privadas para abrigar outros 110 animais.
“Se fossemos expandir o refúgio, teríamos que ter mais fundos”, disse o vice-diretor do NIH, James Anderson. “É uma preocupação para nós e algo que teria de ser abordado em nível parlamentar”.
O diretor da agência, Francis Collins, já se manifestou, publicamente, a favor da proposta. Em setembro, ele anunciou o retiro de 110 chimpanzés com a declaração: “precisamos nos mover em direção a retirar muitos desses animais da pesquisa”.
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