O denominador comum das marchas pelo Dia do Trabalhador na Europa novamente é o rechaço às medidas de austeridade aplicadas após a eclosão da crise econômica mundial. Nesta quarta-feira (01/05), sindicato em países como Espanha, França, Grécia e Portugal irão liderar manifestações contrárias aos impopulares “pacotes de resgate” e aos alarmantes índices de desemprego registrados nos últimos anos. Em alguns países, porém, as principais agremiações sindicais marcharão separadas.
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Cartaz convoca trabalhadores gregos a protestarem nesse 1° de maio contra as medidas de austeridade aplicadas por Atenas
De acordo com o instituto de estatísticas europeu Eurostat, nos 27 países da União Europeia há 26,5 milhões de desempregados, uma taxa de 10,9%. A Grécia (27%) e a Espanha (26,9%) lideram a lista, seguidos por Portugal (17,3%). A tendência é negativa na zona euro, passando de 11% em março de 2012 para 12,1% no mês passado. Quem não acompanha esta subida generalizada do desemprego é a Alemanha, que manteve sua taxa nos 6,9%, próxima do valor mínimo atingido desde a reunificação do país em 1990.
Na França, a festa dos trabalhadores será marcada pela rejeição à política de austeridade do presidente François Hollande e à reivindicação por mais empregos, no momento em que o país ultrapassou 10% de desempregados, de acordo com o governo. Um ano após a eleição do governo socialista, as manifestações programadas pelos sindicatos em todo o país vão lembrar o governo que as expectativas de mudança do eleitorado até hoje não foram satisfeitas.
O jornal liberal Les Echos escreveu nesta terça-feira (30/04) que o 1° de maio de 2013 vai marcar uma ruptura entre as duas maiores centrais sindicais francesas, CGT e CFDT. Pela primeira vez desde 2007 as duas entidades não desfilarão juntas, devido à divergências de abordagem em relação à crise econômica e ao governo. A CGT, totalmente de esquerda, critica Hollande, enquanto a reformista CFDT prega o diálogo social nas negociações entre patrões, governo e trabalhadores.
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Em sua manchete, o Libération envia um sinal de alerta a Hollande: cuidado com Marine Le Pen. Contrariamente a seu pai, a líder de extrema-direita, muito popular nas pesquisas, tem feito campanha entre os trabalhadores mais pobres e pode surpreender nas eleições municipais de 2014.
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Já na Espanha, um dos países mais afetados pela crise, os sindicatos CCOO e UGT convocaram os trabalhadores a marchar pelas principais cidades do país “para fazer os governos entenderem que o emprego é o primeiro problema dos cidadãos” e para exigir o cancelamento das reformas laborais promovidas por Mariano Rajoy e iniciadas por José Luis Zapatero.
[Mulher passa em frente a agência de empregos em Paris, na França]
“O que mais precisa acontecer para que alguém reconheça que errou?”, perguntou o líder da CCOO, Ignacio Fernández Toxo. “Eles não têm limites, por isso precisamos lutar por nossos direitos”, sublinhou. Já o líder da UGT, Cándido Méndez, alertou para os riscos da continuidade das políticas atuais: “se não retificam em profundidade essas medidas, não vamos mais ter remédio para a crise”.
CCOO e UGT irão encabeçar cinco contrações e 77 manifestações em toda a Espanha, em um momento em que “se ultrapassou todas as linhas vermelhas e limites”. “A sociedade espanhola precisa superar o temor de que não há outra maneira de fazer as coisas, isso é algo que se repete teimosamente desde 2010 e que prende as pessoas. Nós tentamos colocar o caminho, mas as pessoas têm que saber que a única coisa que não dará resultado é a resignação”, afirmou o secretário-geral da CCOO.
Em Portugal, as duas principais centrais sindicais também marcharão separadas, como na França. Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, propôs um 1º de Maio “de protesto, indignação, mas também de propostas”. Ele afirmou querer apresentar sugestões “relacionadas com questões financeiras, econômicas e com o emprego”, novas ideias que podem ser alternativa à austeridade.
Por outro lado, o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considerou que a data “vai ser de forte mobilização dos trabalhadores filiados nos nossos sindicatos” reforçando que deve ser um 1º de Maio “de forte significado e forte mobilização, levando em conta as medidas de austeridade que temos vivido em Portugal, o empobrecimento dos portugueses, as dificuldades sentidas por milhares de famílias e o desemprego”.
A CGTP fará uma marcha em Martim Moniz e Alameda, em Lisboa, enquanto a UGT fará sua manifestação na Avenida da Liberdade, com concentração final na Praça dos Restauradores, também na capital portuguesa.
*Com informações do Publico.es, Publico.pt e RFI (Rádio França Internacional)