Familiares do presidente do Chipre, Nicos Anastasiades, podem estar envolvidos no escândalo bancário relacionado com a suposta saída de capitais em massa às vésperas do acordo com a 'troika' (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), segundo denúncia feita neste domingo (31/03) pelo jornal Haravgi – ligado ao Partido Comunista Akel.
De acordo com a publicação, uma companhia cipriota, cujo proprietário tem parentesco com Anastasiades, teria realizado uma transferência de 21 milhões de euros do Banco Popular (Laiki) a duas entidades financeiras em Londres, apenas três dias antes do primeiro acordo com o Eurogrupo.
O jornal se pergunta “quem seria o gerente do banco que autorizou uma transação deste tipo no momento em que havia claras instruções sobre as transferências”.
Anastasiades qualificou as informações do Haravgi como uma “tentativa de desorientar o povo”. “A tentativa de difamar companhias ou pessoas ligadas à minha família, e o objetivo de manchar a imagem do presidente é uma tentativa de desorientar o povo sobre as responsabilidades de quem levou o país a uma situação de falência”, afirmou hoje.
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A companhia acusada pelo jornal rejeitou as acusações e, em comunicado, afirmou que são uma tentativa “deliberadamente difamatória” para prejudicar o presidente cipriota.
O próprio ministro das Finanças, Michalis Sarris, reconheceu nesta semana em entrevista à televisão que o governo estava a par de que o Eurogrupo tinha previsto propor uma taxa sobre os depósitos bancários, e que esteve analisando alternativas para evitar este encargo.
A saída maciça de capital nos dias anteriores ao primeiro acordo com o Eurogrupo, que previa cobrança de impostos sobre todos os depósitos bancários – rejeitada posteriormente pelo Parlamento -, é um dos muitos assuntos sobre os quais uma comissão de investigação tentará lançar luz a partir da próxima semana.
A comissão encarregada de avaliar as responsabilidades políticas e bancárias em torno da crise financeira deverá esclarecer ainda se, como dizem as imprensas de Chipre e Grécia, os principais bancos perdoaram total ou parcialmente empréstimos de políticos, empresários e sindicalistas.
De acordo com essas informações, no escândalo estariam envolvidos políticos de todos os partidos, com exceção – por enquanto – do social-democrata EDEK e do Ecologista.