O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, pediu nesta terça-feira (24/01) “sangue frio” às autoridades turcas, que ameaçaram a França com represálias imediatas pela aprovação parlamentar de uma lei que penaliza a negação do genocídio armênio em 1915.
“Peço a meus amigos turcos que recuperem o sangue frio”, disse Juppé à emissora de televisão Canal Plus, acrescentando que estende “a mão” à Turquia.
O diplomata francês lembrou também sua posição com relação ao texto legislativo adotado na noite desta segunda (23). “Como ministro das Relações Exteriores considero que esta iniciativa é inoportuna”, declarou.
Por outro lado, Juppé insistiu na conveniência de acalmar os ânimos, ao ser questionado se julga críveis as ameaças de Ancara. A Turquia chegou inclusive a pensar em uma ruptura das relações entre os dois países e em chamar de volta seu embaixador em Paris.
“Necessitamos da Turquia e a Turquia necessita de nós”, ressaltou o ministro francês, horas depois de o Senado de ser país ter adotado por uma grande maioria o texto que prevê castigar com um ano de prisão e 45 mil euros de multa a negação do genocídio armênio pelo regime turco em 1915.
Resolução americana
Os Estados Unidos já haviam enfrentado situação semelhante com a Turquia, também por conta do genocídio dos armênios.
Durante sua campanha para a Presidência do país, o atual presidente Barack Obama afirmou que classificaria o massacre como genocídio caso fosse eleito.
Durante seu governo, no entanto, o presidente voltou atrás e preferiu não alterar a classificação do massacre. Apesar disso, um comitê da Câmara dos Representantes do país aprovou em março de 2010 uma resolução que qualifica o assassinato dos armênios como “genocídio”.
A aprovação despertou a ira dos turcos e estremeceu as relações entre os dois países, que até então era forte.
Histórico
A Turquia não reconhece oficialmente o genocídio armênio. O país afirma que as mortes foram geradas a partir de uma guerra civil, que teria sido agravada pela fome e também por doenças.
Estima-se que aproximadamente 1,5 milhão de armênios tenham sido mortos em 1915 pelo Império Otomano, que hoje corresponde à Turquia.
Os críticos à lei francesa defendem que a medida tem caráter eleitoral já que visa atingir a comunidade armênia no país – cerca de 400 mil pessoas – às vésperas da eleição presidencial que acontece neste ano.
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