O ex-juiz espanhol Baltasar Garzón afirmou nesta sexta-feira (22/03) que seria “muito positivo” se o Vaticano, agora sob o comando do papa Francisco, abrisse seus arquivos para fornecer informações sobre a ditadura militar argentina (1976-1983).
Em declarações difundidas pela agência oficial de notícias Télam, ele afirmou que o novo pontífice “poderia perfeitamente abrir os arquivos do Vaticano para que se conheçam as comunicações e todas as informações da época que foram enviada pela Argentina”. Segundo Garzón, uma ação nesse sentido “seria muito positiva” e se constituiria em “uma mostra de cooperação e apoio às vítimas do terrorismo de Estado”.
Agência Efe (20/03)
O jurista espanhol Baltasar Garzón pede que o papa Francisco abra arquivos do Vaticano
O atual assessor da Comissão de Direitos Humanos e Garantias da Câmara de Deputados da Argentina e do TPI (Tribunal Penal Internacional) de Haia, na Holanda, afirmou que, entre os arquivos do Vaticano, poderia haver informes enviados por diplomatas com informações sobre a situação na Argentina durante o regime.
“É sabido que durante a ditadura, vítimas pediram ajuda à Igreja, assim como as Mães e Avós da Praça de Maio enviaram cartas ao papa João Paulo II”, disse Garzón, que lembrou que esse pedido por informações deveria ser feito por juízes que investigam atualmente os crimes de lesa-humanidade durante a ditadura.
O ex-magistrado participou, em Buenos Aires, de uma homenagem organizada pelo governo da Argentina para os imigrantes vítimas da última ditadura, no marco da comemoração do próximo domingo (24) do Dia Nacional da Memória para a Verdade a Justiça.
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“Seria um reconhecimento para aqueles que, após serem recebidos na Argentina, sofreram das mesmas consequências que os cidadãos e cidadãs argentinos por razões ideológicas, políticas e de forma absurda”, disse o jurista.
A homenagem coincide com a realização de um julgamento contra militares envolvidos na denominada Operação Condor, que se tratava de uma coordenação entre os governos de países vizinhos do Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980, todos sob domínio de regimes repressores de cunho militar e ditatorial.
Cerca de 30 mil pessoas desapareceram durante o regime militar na Argentina, vários deles estrangeiros, principalmente espanhóis, italianos, franceses, paraguaios, uruguaios e chilenos.