O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, declarou na noite desta quinta-feira (29/04) que será adiada as eleições legislativas previstas para maio na região, dada a impossibilidade de organizar o pleito em Jerusalém Oriental.
Abbas disse que o adiamento do pleito ocorrerá “até que a participação de nosso povo em Jerusalém esteja garantida”. Segundo ele, a decisão é “por causa da recusa israelense em deixar que os palestinos organizem eleições” na região.
De acordo com agência de notícias palestina WAFA, o presidente afirmou que o governo israelense “está determinado a não permitir” que as eleições ocorram em Jerusalém. “De nossa parte, temos tentado repetidamente realizar reuniões de representantes e candidatos dos blocos eleitorais [em Jerusalém], mas fomos atacados e impedidos de realizar qualquer atividade”, afirmou.
Em janeiro de 2021, Abbas pediu novas eleições legislativas em maio e uma eleição presidencial em julho, ambas as quais seriam as primeiras desde 2006. As anteriores tentativas desde então têm desmoronado devido a ofensiva de Israel.
O estabelecimento de uma data para o pleito é fruto de um acordo firmado em setembro de 2020 entre a liderança do Fatah, partido que dirige hoje a Autoridade Nacional Palestina e o território da Cisjordânia, e o Hamas, partido que ganhou as eleições parlamentares de 2006 e dirige o território da Faixa de Gaza.
“Queremos que as eleições sejam realizadas em Jerusalém como em Ramallah [cidade palestina na Cisjordânia], incluindo a campanha eleitoral, a chegada dos candidatos e a liberdade de ação do Comitê Eleitoral Central”, declarou Abbas, acrescentando que os israelenses haviam dito que se Hanna Nasser, presidente da Comissão Eleitoral Central palestina, fosse a Jerusalém, “deveríamos enviar um advogado com ele para defendê-lo em sua prisão”.
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Presidente afirmou que o governo israelense ‘está determinado a não permitir’ que as eleições ocorram na região
Israel faz ‘apartheid’ contra palestinos, diz organização
Nesta semana, a organização Human Rights Watch (HRW) divulgou um relatório em que denuncia o governo de Israel de cometer um “apartheid” contra a população palestina.
Segundo a HRW, o governo israelense adota a política de “manter a dominação sobre os palestinos” por meio de “graves abusos contra aqueles que vivem nos territórios ocupados, incluindo Jerusalém Oriental”.
De acordo com o relatório, Israel tem “controle primário sobre uma área que vai do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo, povoada por dois grupos de dimensões mais ou menos iguais, privilegiando metodologicamente os judeus israelenses enquanto oprime os palestinos, e de modo mais severo nos territórios ocupados”.
A ONG cita como exemplos de abusos contra palestinos ações como restrição a deslocamentos, confisco de terras, transferência forçada de pessoas, negação de direitos de residência e suspensão de direitos civis.
Recentemente, o Tribunal Penal Internacional de Haia (TPI), que não é reconhecido por Israel, abriu uma investigação formal sobre eventuais crimes de guerra ocorridos na Palestina a partir do conflito de 2014 na Faixa de Gaza.
(*) Com Sputnik e Ansa.