O governo da Venezuela expandiu a participação no setor bancário ao assumir o controle de quatro instituições privadas, motivado por irregularidades nas finanças destas, segundo autoridades do governo.
A medida foi tomada no dia último 20, por causa de problemas de solvência, segundo o ministro das Finanças, Ali Rodriguez. Esta semana, o governo fechou dois bancos (Canarias e Provivienda) e anunciou que os outros dois serão “reabilitados” e reabertos como instituições públicas.
“Eles vão passar para o sistema financeiro público para continuar fortalecendo o socialismo”, disse o presidente Hugo Chávez, acrescentando que o governo garantirá os depósitos, que devem ser postos à disposição dos clientes antes do Natal.
Confederado, Provivienda e Bolívar tiveram perda combinada de 19,5 milhões de bolívares (9 milhões de dólares pelo câmbio oficial, que está supervalorizado) em setembro, segundo a agência regulatória bancária venezuelana. Já o Canarias registrou lucro de 10,7 milhões de bolívares (5 milhões de dólares).
Autoridades venezuelanas dizem que os bancos foram fechados depois que investidores que compraram as instituições no quarto trimestre não conseguiram provar como tinham obtido os recursos para as aquisições. Ontem, Chávez afirmou que os bancos “eram dirigidos por criminosos”.
Duas pessoas foram presas: Ricardo Fernández – empresário aliado ao governo que era fornecedor de supermercados estatais – e seu advogado, José Camacho. Ambos foram acusados de irregularidades, inclusive de conceder empréstimos a empresas nas quais eram investidores.
Abelardo Daza, um economista baseado em Caracas, disse ao Opera Mundi que o governo escolheu intervir agora porque queria se distanciar das práticas corruptas de Fernandez. “Os problemas desses bancos não são novos”, afirmou. “O governo está tentando minimizar o custo político. Há um grande medo de que isso se torne um escândalo”.
As duas maiores associações bancárias da Venezuela, o Conselho Bancário Nacional e a Associação Bancária Venezuelana, apoiaram a medida do governo em comunicado divulgado ontem. As entidades chamaram as intervenções de “adequadas e necessárias”.
De olho em mais bancos
Esta semana, Chávez disse estar preparado para assumir o controle de todos os bancos privados do país se for necessário, e que seu governo está monitorando outro grupo de instituições. Em outras ocasiões, o presidente já tinha ameaçado tomar providências contra bancos que infringissem a regulação do setor, que exige, por exemplo, a concessão de crédito para empresas estratégicas.
Desde que nacionalizou o Banco da Venezuela, até então controlado por capital espanhol, este ano, o governo tornou-se o principal ator do cenário financeiro, gerenciando mais de 21% do setor.
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