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De Gaulle (dir.) em 1963, já presidente da Quinta República, um ano depois de recnonhecer independência da Argélia
Em 13 de maio de 1958, os argelinos de origem europeia apelam ao general Charles De Gaulle, que estava fora do poder desde 1950, para manter a soberania da França sobre a Argélia. No começo de 1958, Pierre Pflimlin, deputado democrata-cristão de Estrasburgo, estava sendo sondado para o cargo de primeiro-ministro da Quarta República. Porém, havia a supeita de que queria negociar um cessar-fogo com os rebeldes da Frente Nacional de Libertação que lutavam pela independência da Argélia.
Os gaullistas que militavam de corpo e alma pelo retorno de De Gaulle ao poder encorajam os 'Pieds-noirs' – população francesa das antigas colônias no norte da África – à sedição contra Pflimlin. Deixam entender que o general é a personalidade em melhores condições de manter os três departamentos argelinos no seio da república francesa.
Em 10 de maio de 1958, Alain de Sérigny, diretor do Écho d'Alger, publica um editorial em que apela a De Gaulle para salvar a Argélia francesa: “Eu vos suplico, fale, fale depressa, meu general …”
O 13 de maio de 1958 seria o dia da investidura de Pflimlin. Em Argel ocorre uma manifestação de ex-combatentes em memória de três militares feitos prisioneiros pelos 'fellaghas' – literalmenter significa bandido em árabe, mas eram os militantes anti-colonialistas do norte da África – e fuzilados na Tunísia. Aproveitando-se da manifestação, os partidários da Argélia francesa tomam de assalto a sede do governo e nomeiam um Comitê de Salvação Pública.
O general Jacques Massu assume a presidência da Argélia. Envia a Paris um telegrama: “… exigimos criação Paris governo de salvação pública, único capaz de conservar Argélia parte integrante da metropole”. Os deputados respondem, como prevista, com a posse de Pflimlin. Era a ruptura com Argel.
Sem esperar a entrada em função do novo presidente do Conselho, o antecessor Felix Gaillard confere plenos poderes civis e militares na Argélia ao general Raul Salan, quem ali comandava o exército.
Em 14 de maio, às 5 horas da manhã, Massu lança um novo apelo: O Comitê de Salvação Pública suplica ao general de Gaulle que por favor rompa o silêncio quanto à constituição de um governo de salvação pública o único que pode salvar a Argélia do abandono”.
No dia seguinte, o general Salan pronuncia um discurso, no interior do palácio do governo em Argel, concluindo com: “Viva a França, viva a Argélia francesa, viva o general de Gaulle!”
Em seguida vai à sacada e se dirige à multidão ali reunida: “Nós sairemos vencedores, porque tivemos o mérito e aqui reside o caminho sagrado pela grandeza da França. Meu amigos, gritem comigo: Viva a França, viva a Argélia francesa!”
A sorte estava lançada com este apelo público ao general, afastado da atividade política em 1947 no entanto sempre desejoso de outorgar à França instituições mais estáveis que da 4ª República. De seu retiro em Colombey-les-deux-Églises, de Gaulle responde no mesmo dia que estava pronto a “assumir os poderes da República”.
Em 19 de maio, concede uma coletiva de imprensa para dizer que se recusa receber o poder dos facciosos de Argel. Aos jornalistas que se preocupavam com a instauração de uma ditadura, exclamou: “Vocês acreditam que aos 67 anos vou começar uma carreira de ditador?”.
Em 27 de maio, de Gaulle afirma que estava dando início a um processo pelo “estabelecimento de um governo republicano”. Estupor na classe política. Seria um Golpe de Estado?
A fim de aclarar a situação, René Coty, presidente da República, decide em 1º de junho, numa mensagem ao Parlamento, apelar ao “mais ilustre dos franceses, aquele que nas horas mais sombrias de nossa história, foi nosso chefe para a reconquista da liberdade …”.
O general forma, sem delongas, um governo de união nacional com Guy Mollet, chefe do Partido Socialista, Antoine Pinay, de direita, Pierre Pflimlin, democrata-cristão e Michel Debré, gaullista.
Investido na presidência do Conselho, dedicou-se a pôr de pé uma nova Constituição, que foi aprovada por referendo em 28 de setembro de 1958 com 79,2% de Sim e ainda em vigor. Em 21 de dezembro de 1958, Charles de Gaulle é eleito presidente por um colégio eleitoral. Seria o primeiro presidente da 5ª República. Os facciosos da Argélia jamais tiveram o apoio de De Gaulle.
Também nesta data:
1976 – Edward Jenner inicia estudos da vacina contra varíola
13/05/1888: Lei Áurea declara extinta a escravidão no Brasil
1940 – Winston Churchill vira primeiro-ministro do Reino Unido
13/05/1981: Papa João Paulo II sofre atentado na praça São Pedro, em Roma
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