Numa surpreendente mudança de orientação, o presidente Harry Truman mandou, em 14 de novembro de 1951, uma mensagem ao Congresso dos Estados Unidos propondo uma substancial ajuda econômica e militar à Iugoslávia socialista, governada pelo marechal Josip Broz Tito. A ação foi percebida pelos analistas como um movimento abrupto no xadrez da política internacional destinado a agravar o racha entre o país balcânico e a União Soviética, valendo-se das desavenças públicos entre Tito e Stalin.
A Iugoslávia terminou a Segunda Guerra Mundial com os ‘partizans’ de Tito no comando. Os EUA haviam fornecido algum apoio logístico durante a guerra para os guerrilheiros comunistas que combatiam a ocupação nazi-fascista. No pós-guerra, quando as hostilidades da Guerra Fria já dominavam o cenário internacional, a política de Washington em relação a Belgrado endureceu. Tito era visto como mais um instrumento da política expansionista soviética no Leste Europeu. Em 1948, porém, Stalin rompeu abertamente com Tito, embora os iugoslavos continuassem a manifestar lealdade à ideologia comunista. Não obstante, Tito insistia em declarar que a Iugoslávia determinaria e conduziria suas próprias políticas domésticas e externas sem interferência de quem quer que fosse, tanto Washington quanto Moscou.
Os estrategistas da Casa Branca rapidamente perceberam que surgia uma excelente oportunidade propagandística na ruptura entre os antigos aliados socialistas. Apesar de Tito ser um comunista convicto, era pelo menos independente e poderia ser um parceiro útil na Europa. A fim de granjear as simpatias iugoslavas, os EUA apoiaram os esforços da Belgrado em 1949 para conquistar uma cadeira no Conselho de Segurança da então recente ONU.
Contudo, a Iugoslávia manteve um comportamento imprevisível na fase inicial da Guerra Fria. Tito se manteve neutro durante a invasão da Hungria pela União Soviética em 1956, porém criticou asperamente a intervenção na Tchecoslováquia, em 1968. Embora os EUA admirassem a postura independente do marechal, por vezes, aos olhos de Washington, ele se mostrava independente demais.
Já nos anos 1950, o líder balcânico foi um dos fundadores e dirigentes do Movimento dos Países Não-Alinhados, que reunia as jovens nações do Terceiro Mundo. Essa política preocupava a Casa Branca, que pretendia que cada país escolhesse um lado no conflito entre “Ocidente” e “Oriente”.
As relações entre os EUA e a Iugoslávia se estreitaram consideravelmente após a denúncia de Tito sobre a intervenção soviética na Tchecoslováquia. Mas, em seguida, esfriaram novamente quando o marechal se posicionou ao lado dos árabes e soviéticos na Guerra do Yom Kipur, em 1973. Tito morreu em 1980.
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