O resultado do primeiro turno das eleições brasileiras teve ampla repercussão nas edições desta segunda-feira (3/10) de jornais em todo o mundo. Os latino-americanos, em especial, deram maior destaque para o desempenho da candidata do PT (Partido dos Trabalhadores), Dilma Rousseff, que conquistou 46,91% dos votos, e falam em uma “surpresa verde”, em referência aos 19 milhões de votos (19,33%) obtidos pela candidata do PV (Partido Verde), Marina Silva.
O jornal argentino Página 12 fez uma cobertura especial das eleições, ocupando quase toda a capa da edição impressa de hoje com o tema. Em quase todas as reportagens e análises feitas sobre o resultado, PT e Dilma são definidos como vencedores. “Dilma ganhou, mas terá eu esperar para festejar”, diz a manchete.
O Página 12 fez também uma análise, enumerando dez tópicos, na qual destaca a “surpresa” pelo desempenho de Marina Silva e as “ conquistas do PT na Câmara dos Deputados e no Senado” e diz que o “PSDB retrocedeu notavelmente nos governos [estaduais] e no Senado”.
“[Lula] Tem, no mínimo, cinco desafios: seduzir os eleitores de Marina Silva, melhorar os números do PT no Rio de Janeiro e em São Paulo, conseguir que os abstencionistas do nordeste votem, convencer militantes e eleitores de que não ter ganho no primeiro turno está longe de ser uma derrota e reforçar a percepção de que aquilo que foi alcançado socialmente nos últimos oito anos pode se perder um dia”, diz o texto
Na análise do jornal espanhol El País, a candidata Dilma não atingiu o objetivo esperado. “Herdeira de Lula vence, mas não evita o segundo turno”, manchetou o diário. Segundo o El País, as “enormes expectativas despertadas pela candidatura de Dilma” podem terminar sendo prejudiciais no segundo turno, caso o resultado deste domingo seja visto como uma derrota.
O El País afirma ainda que Marina Silva ganha importância no segundo turno. “A negociação para o segundo turno se complica e dá um papel de grande importância à candidata do Partido Verde”, afirma o texto.
O papel de Marina Silva também é mencionado pelo italiano La Repubblica. “O resultado da votação é uma surpresa, visto que a ex-guerrilheira e economista apoiada por Lula parecia ter o caminho livre rumo ao Planalto”, afirma a reportagem.
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O francês Le Figaro diz na manchete de seu site que “sem surpresa, Dilma Rousseff chega na frente”, mas deve enfrentar o segundo turno. Na Grã-Bretanha, o jornal The Guardian afirma que o Brasil “por pouco não elegeu sua primeira mulher presidente”.
No editorial, o mexicano La Jornada não mostra claramente a preferência do jornal por um ou outro candidato, mas diz que Dilma teve “apreciável maioria dos votos, mas não conseguiu ultrapassar a linha crítica de 50% mais um” e critica o desempenho de José Serra “o ex-governador de São Paulo sofreu neste processo eleitoral uma derrota catastrófica”.
Exceção na América Latina, o venezuelano oposicionista El Universal dá destaque para Serra e afirma que o candidato buscará o “apoio verde” para vencer o segundo turno. Os sites dos venezuelanos Globovisón e Telesur acompanharam a apuração em tempo real e elogiaram a “rapidez e eficiência tecnológica que permitiram que os resultados fossem conhecidos rapidamente.
O norte-americano The New York Times, sem mencionar Marina Silva, se limitou a reportar o número de votos dos dois primeiros candidatos e a informar que o presidência será definida no segundo turno. Segundo a reportagem, assinada pelo correspondente no Brasil, “analistas expressaram poucas dúvidas” de que Dilma possa vencer seu adversário, o candidato do PSDB, José Serra, no segundo turno.
Tiririca
Não foi apenas o desempenho dos presidenciáveis que ganhou destaque na imprensa internacional. A vitória do palhaço Tiririca, o deputado federal mais votado, e dos ex-jogadores de futebol Romário e Bebeto tiveram destaque no espanhol El Mundo.
Tiririca, codinome de Francisco Everardo Oliveira Silva, foi o candidato com a maior votação entre os postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados em todas as unidades da federação. Concorrendo pelo PR-SP, ele teve de 1,35 milhão. Ficou muito à frente do segundo mais votado do país, Anthony Garotinho (PR-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro. “Vote no Tiririca, pior do que tá não fica!”, era o bordão do palhaço.
Já os ex-jogadores Romário e Bebeto, companheiros no ataque da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1994, não receberam votação tão expressiva, mas conseguiram se eleger deputado federal e estadual pelo Rio de Janeiro, respectivamente. Romário obteve 146.859 votos, equivalentes a 1,84% do total dos votos válidos e Bebeto, do PDT, somou 28.328 votos (0,34%), o que o transformou no 62º mais votado entre 1.643 candidatos para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que tem 70 cadeiras.
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