O incêndio florestal em Pedrógão Grande, Portugal, que causou mais de 60 mortes e 200 feridos no dia 17 de junho, deixou um prejuízo de quase 500 milhões de euros, anunciou nesta segunda-feira (03/07) o governo do país. Este valor é equivalente a mais de R$ 1,8 bilhão.
Segundo o ministro do Planejamento e das Infraestruturas de Portugal, Pedro Marques, deste total, € 193 milhões (R$ 722 mi) vão para o atendimento imediato às vítimas e às situações emergenciais do local, como reconstrução de casas e rodovias; outros € 303 milhões (R$ 1,13 bi), para reestimular a economia regional.
Leia também: Nove questões para entender os incêndios florestais em Portugal
De acordo com o jornal Público, o governo português vai buscar financiamentos para pagar a conta. Verbas do orçamento do Estado serão usadas para as primeiras respostas e, em seguida, linhas de crédito serão abertas. Marques anunciou dinheiro proveniente da União Europeia também terá que ser utilizado.
O Estado vai pagar a conta, no entanto, se não houver seguro a ser ativado. “Deve ficar bem claro que as respostas serão imediatas quando os seguros não puderem ser acionados. A utilização de seguros terá sempre prevalência”, afirmou Marques.
NULL
NULL
Incêndio
Segundo a polícia portuguesa, o incêndio foi causado por trovoadas secas, fenômeno meteorológico que acontece em regiões muito secas e muito quentes – a temperatura na região chegava a 40°C na época.
Além disso, a região de Pedrógão Grande, onde o incêndio começou e se espalhou, tinha plantações de eucalipto que foram consumidas rapidamente pelo fogo. A árvore é a mais presente em território português e serve principalmente à indústria de papel, um dos principais setores industriais do país.
Agência Efe
Incêndio florestal em Portugal deixou mais de 60 mortos em junho
Com 26% de toda sua área florestal e 8,8% do território total do país cobertos por eucaliptais, Portugal fica apenas atrás de Índia, Brasil, China e Austrália em termos de área total de eucaliptos plantados – e estes quatro países têm entre 32 e 104 vezes a área total do território português.
Em artigo publicado em 2013 no Público, o biólogo angolano Jorge Paiva afirma que eucaliptos e pinheiros – árvores ricas em resinas e óleos essenciais e, portanto, altamente inflamáveis – foram substituindo a floresta natural portuguesa, contribuindo para o agravamento dos incêndios florestais no país, comuns durante o verão, que lá acontece entre junho e agosto.
“O eucalipto está perfeitamente adaptado a Portugal, o problema é que Portugal não está perfeitamente adaptado ao eucalipto”, escreveu João Camargo, engenheiro ambiental e deputado do BE (Bloco de Esquerda), no jornal português Visão em 2013.