Em meio a tentativas de diálogo com o governo, manifestantes bolivianos reiniciaram nesta quarta-feira (31/08) a marcha em direção à capital, La Paz, para protestar contra a construção de uma estrada que cruza uma reserva florestal. Eles partiram de Totaizal, localizada próxima a San Borja, região norte do país, informou a agência France Presse.
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O impasse entre os cerca de 1.500 manifestantes, majoritariamente indígenas, e o governo dura cerca de dois meses. Duas semanas atrás, eles saíram de Trinidad, a capital do departamento de Beni, com objetivo de chegar à sede de governo. O trajeto possui mais de mais de 600 quilômetros e eles já percorreram 177. No fim de semana, eles interromperam a marcha para tentar negociar com o governo.
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A previsão é de que a estrada, que receberá financiamento do pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), tenha 306 quilômetros e ligue os departamentos de Beni e Cochabamba. Os indígenas criticam o projeto alegando que haverá danos ambientais ao Tipnis (Território Indígena e Parque Nacional Isiboro), reserva de um milhão de hectares, onde vivem de 10 mil a 12 mil indígenas de três diferentes etnias.
A rodovia já está em fase de construção em seus trechos 1 e 3, nos dois extremos, a cargo da empresa brasileira OAS, mas ainda não chegou ao território. O custo da obra é de 415 milhões de dólares, dos quais 332 milhões serão financiados pelo Brasil. O trecho principal atravessa o Tipnis e responde por cerca de 40% do valor total da estrada e tem o início dos trabalhos marcado para 2012. A conclusão da estrada está prevista para 2014.
O governo tenta convencer os indígenas a aceitar a estrada. Segundo o ministro da Comunicação, Ivan Canelas, há três ministros, da Presidência, do Interior e de Autonomias, na cidade de San Borja com o objetivo de dialogar com os líderes dos indígenas. Os manifestantes já sinalizaram que querem dialogar, mas pediram que isso ocorra ao menos com 10 ministros.
Na semana passada, o governo boliviano denunciou ligações telefônicas feitas por um funcionário da Embaixada dos Estados Unidos em La Paz para conversar com líderes do movimento indígena que protestam contra a estrada. Segundo o presidente Evo Morales, um diplomata teria ligado para três lideranças indígenas que participam dos protestos. A embaixada norte-americana defendeu, em comunicado, que o diálogo com diversos setores é um “trabalho cotidiano da diplomacia” considerado “usual e apropriado”.
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