O presidente do México, Felipe Calderón, declarou nesta sexta-feira (27/8) que o agente do Ministério Público que investigava a chacina de 72 imigrantes ilegais em uma fazenda em Tamaulipas “está desaparecido”, desmentindo a versão anterior de que o homem estaria morto.
“Deixe-me fazer um parêntese por uma nota muito importante entregue pelo Ministério do Interior, porque acabo de dar um dado que fora informado de maneira imprecisa”, disse Calderón à imprensa.
“Há alguns instantes disse que havia falecido o membro do Ministério Público, responsável por essa investigação, mas o Ministério do Interior acaba de me informar que o procurador do estado de Tamaulipas disse, há alguns minutos, que o homem está desaparecido” e “não se reportou até o momento o seu falecimento”, esclareceu.
Leia mais:
México: é encontrado morto membro do Ministério Público de Tamaulipas que investigava chacina
ONU condena chacina no México e pede que autoridades apurem o crime com independência
Governo mexicano confirma brasileiros entre mortos em Tamaulipas
México: 72 cadáveres encontrados em Tamaulipas eram de imigrantes latinos
O agente foi identificado por Roberto Javier Suárez Vázquez e estava encarregado das averiguações prévias do massacre ocorrido em uma fazenda em San Fernando, no estado de Tamaulipas, nordeste do México. Ele foi o responsável por conferir a existência dos cadáveres que teriam sido abandonados pelo cartel Los Zetas.
O sumiço de Suárez Vázquez ocorre ainda dois dias após membros da Marinha entrarem em um tiroteio contra membros do cartel. A ação deixou um militar e três integrantes do bando mortos.
Críticas
Por outro lado, organizações defensoras dos direitos dos imigrantes ilegais disseram estar “horrorizadas”, além de denunciarem “a incapacidade” e a “endêmica falta de vontade do governo do México” para organizar a segurança dos imigrantes em trânsito.
Para a AI (Anistia Internacional) e para bispo Raúl Vera, da diocese de Saltillo, o crime colocou em evidência “o fracasso” da política migratória mexicana. Eles pediram ainda que os governos da América Latina adotem “uma postura concreta de defesa e proteção” dos direitos humanos dos imigrantes que cruzam o México em direção aos Estados Unidos.
Encontrados nesta semana, os corpos dos 72 imigrantes ilegais – massacre que chocou o país e teve repercussão internacional – passam por análises para identificação, com o auxílio de diplomatas de El Salvador, Equador, Honduras e Brasil, de onde estima-se que vieram os migrantes.
Segundo informou à imprensa brasileira o cônsul do Brasil no México, Márcio Lage, até esta tarde haviam sido identificados 41 corpos, um deles brasileiro. Contudo, este número pode aumentar com a análise do restante das vítimas.
O único sobrevivente, o equatoriano Luis Freddy Lala Pomavilla, de 18 anos, está agora sob o status de “testemunha protegida”.
Por sua vez, a Marinha anunciou a realização de inspeções para verificar a existência de outros eventuais cemitérios clandestinos na mesma região. Soldados fortemente armados também transitavam pela zona fronteiriça com o Texas em busca dos autores dos homicídios.
Siga o Opera Mundi no Twitter
NULL
NULL
NULL