As autoridades israelenses armaram um esquema de segurança que contou com a participação de centenas de agentes para barrar a entrada de ativistas da campanha “Bem-Vindo à Palestina 2012”, que pretendiam manifestar-se no país durante esta semana de modo a chamar a atenção do mundo para a situação dos palestinos. Além disso, a organização pretendia reformar escolas e construir casas na Palestina.
Cerca de 60 ativistas internacionais da campanha, que haviam desembarcado no aeroporto de Tel Aviv neste domingo (15/04), foram detidos pela polícia israelense. Os processos de deportações, inclusive, já teriam começado e, segundo a Polícia local, deverão durar vários dias.
Entre os primeiros deportados há dois espanhóis, Julio Rodríguez e Teresa Salas, ambos integrantes do movimento Paz Agora, confirmaram à Agência Efe fontes do Consulado da Espanha em Tel Aviv.
“Teresa já deixou Israel em um voo rumo a Berlim, de onde havia chegado”, disse à agência Efe a cônsul espanhola Victoria Ortega. Segundo a cônsul, a entrada de Rodríguez também “não foi permitida”, mas não existe uma confirmação plena de que o mesmo já tenha sido deportado.
Horas antes da confirmação da cônsul espanhola em Tel Aviv, Pilar Rodríguez, advogada da ONG Paz Agora e irmã do ativista e militante da coalizão IU (Esquerda Unida), havia informado à agência Efe que “ambos foram deportados em um voo para Berlim”.
Maite Santamaría, uma terceira ativista do grupo que veio da França, aparentemente conseguiu passar pelo controle da imigração do aeroporto e chegar até a cidade cisjordaniana de Belém, onde os ativistas deveriam fazer um grande ato.
Segundo a cônsul espanhola, as autoridades israelenses confirmaram que esta ativista, que teria passado pelo controle ao declarar que estava em uma viagem de turismo, não aparece em nenhum registro da imigração e, por isso, não deve ter enfrentado nenhum problema.
Centenas de ativistas internacionais eram esperados neste domingo no aeroporto de Tel Aviv, todos com intenção de participar da campanha organizada com a intenção de conscientizar o mundo sobre o problema palestino e as condições de vida na Cisjordânia e em Gaza.
O ministro israelense de Segurança Interior, Isaac Aharonovich, informou em entrevista coletiva que a maioria dos detidos foram transferidos para uma prisão do serviço de imigração, enquanto nove já foram deportados, três estão à espera de seus voos e outros dois ainda estão no aeroporto. Nove israelenses que estavam aguardando os ativistas no aeroporto também foram detidos, mas as acusações que pesam contra eles não foram divulgadas.
Entre os ativistas presos há cidadãos espanhóis, italianos, franceses, canadenses, portugueses e suíços, informou as autoridades israelenses, que aguardam o restante dos ativistas em voos que aterrissarão esta noite.
Os detidos receberam uma irônica carta do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, “agradecendo” seu “interesse” pela situação humanitária em Israel. A mesma carta, no entanto, pede que os ativistas se concentrem nos “verdadeiros problemas da região”, como os problemas humanitários que sofre a população civil na Síria, no Irã e na Faixa de Gaza.
Israel armou um verdadeiro esquema de segurança para impedir a entrada dos ativistas no país. A operação contou com mais de 650 agentes, alguns à paisana, para impedir qualquer tipo de manifestação política em seu único aeroporto internacional.
Assim como na primeira edição da campanha “Bem-Vindo à Palestina”, realizada no ano passado, Israel conseguiu frear em massa a presença dos ativistas com uma operação que impediu a vinda de mais de 60% deles.
No último sábado (14), a Lufthansa, Air France, Easyjet e outras companhias aéreas informaram que haviam cancelado as passagens dos passageiros que apareciam na lista negra de Israel, um fato que indignou os organizadores da campanha, que também fizeram questão de denunciar outra arbitrariedade.
Segundo os organizadores, as autoridades israelenses estão obrigando os ativistas a assinar um documento onde se comprometem a não participar de nenhuma “atividade pró-palestina”.
“Estabeleceram um novo procedimento ilegal no aeroporto que obriga os passageiros a assinar um documento especificando que os mesmos não entrarão em contato e nem trabalharão com integrantes de nenhuma organização pró-palestina”, denunciou o ativista palestino Mazim Qumsiyeh em comunicado.
Sabin Haddad, porta-voz da autoridade migratória de Israel, confirmou à Agência Efe que estão pedindo para os ativistas assinarem o documento, embora tenha negado que este inclua o termo “pró-palestino”. Segundo Haddad, o termo é uma garantia “para que os ativistas não violem a lei de Israel”.
Até as 15h (horário de Brasília) deste domingo, dos 1,5 mil ativistas internacionais que são esperados em Tel Aviv, apenas três – uma espanhola, uma italiana e uma francesa – conseguiram chegar a Belém, segundo Amira Musallam, uma das coordenadoras da campanha.
Em declarações à Agência Efe, a porta-voz palestina assegurou que a campanha, que inclui atos e excursões durante toda a semana, “seguirá adiante, já que existem muitos ativistas locais”.
Nesta segunda, os ativistas devem começar a construir uma nova escola em Belém e reformar parte de outra. Nos próximos dias, os participantes também devem plantar árvores com os agricultores palestinos.
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