Negociações indiretas com a mediação de representantes norte-americanos serão a última tentativa de retomada dos processos de paz no Oriente Médio, declarou hoje (8) o negociador palestino, Saeb Erekat, em entrevista à rádio militar de Israel.
“O relacionamento se deteriorou a esse estágio em que os Estados Unidos estão tentando salvar o processo de paz com essa última tentativa. Por sinal, marquem minhas palavras: essa será a última tentativa para se ver se essa pode ser uma ferramenta de decisões entre palestinos e israelenses”, disse.
O pronunciamento aconteceu em razão de uma proposta feita pelos EUA, na semana passada, de interceder nas negociações entre os dois lados. Hoje, o enviado especial da Casa Branca, George Mitchell, se reuniu com primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém, e seguiu para Ramallah, onde se encontrou com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Após as reuniões, o governo norte-americano assegurou que as autoridades de ambas as partes aceitaram manter negociações indiretas de paz sob moderação. Não foi apontada nenhuma data como previsão do início do diálogo, porém Mitchell manifestou a esperança de Washington de que essas conversas “levem o mais rápido possível ao começo de negociações diretas”.
“Estou contente com o fato de as autoridades israelenses e palestinas terem aceitado as conversas indiretas”, disse Mitchell, em comunicado divulgado pelo departamento de Estado em Washington.
O representante norte-americano, que está na região para promover as negociações de paz, afirmou ter começado a discutir “a estrutura e o alcance” dessas negociações com israelenses e palestinos, e garantiu que voltará na próxima semana para continuar suas conversas.
De acordo com o jornal israelense Haaretz, o Ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, declarou vontade de que o diálogo não tivesse a interferência dos EUA, porém reconheceu a inviabilidade da ideia.
“Preferíamos negociações diretas com os palestinos, mas na atual situação até as indiretas são difíceis de efetivar”, ponderou Barak.
A visita do senador Mitchell faz parte da tentativa do presidente Barack Obama de acabar com os conflitos na região, uma das promessas de sua campanha, e dar fim a 14 meses de interrupção nas negociações de paz entre israelenses e palestinos.
Impasse
Coincidência ou não, o Ministério da Defesa israelense anunciou também hoje a construção de 112 casas em assentamentos judaicos da Cisjordânia, o que desagradou autoridades palestinas. A decisão vai contra a determinação do próprio governo de Israel, anunciada por Netanyahu em novembro de 2009, de paralisar as obras na região com o objetivo de “facilitar a retomada das negociações”.
Mesmo assim, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, manteve a decisão de participar das conversas com Israel, com apoio da OLP (Organização pela Libertação da Palestina).
O secretário-geral da Liga Árabe, Amer Moussa, também declarou apoio a Abbas e disse que a decisão de Israel contribuiu apenas para passar uma imagem negativa aos representantes norte-americanos.
Já Erekat foi mais radical e protestou contra a medida israelense. “Israel está tentando sabotar as negociações mesmo antes de começarem”, disse.
Israel: crítica em casa
Porém, a desaprovação não veio apenas de organizações palestinas. O grupo pacifista israelense Peace Now! também criticou a aprovação para a construção das casas na região da Cisjordânia. A entidade criticou também a visita do vice de Obama, Joe Biden.
“Infelizmente, o governo de Israel está recebendo o vice-presidente norte-americano com uma demonstração de que não tem intenções genuínas de avançar com o processo de paz”, disse o porta-voz do grupo ao Haaretz.
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