Em meio ao feriado judaico Tisha Beav, palestinos muçulmanos e judeus ultraortodoxos se controntaram na mesquita de Al Aqsa neste domingo (26/07), na cidade velha de Jerusalém. O incidente aconteceu após centenas de judeus tentarem entrar no complexo religioso. Com os distúrbios, a polícia israelense bloqueou o acesso ao local e deteve palestinos.
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Em um comunicado, a polícia israelense disse que “vários mascarados entraram na mesquita e começaram a lançar pedras e paralelepípedos lá dentro” e que diversos agentes ficaram feridos. “Para prevenir que mais policiais ficassem feridos, as forças da polícia entraram por alguns metros e fecharam as portas da mesquita com os insurgentes dentro”, informou a instituição.
Para a polícia, os principais responsáveis por lançar objetos a partir do interior da mesquita foram os muçulmanos. Um fotógrafo da AFP viu ao menos seis palestinos serem detidos, mas não havia nenhum balanço disponível da parte palestina.
Em nota, o movimento islamita Hamas, no poder na Faixa de Gaza, advertiu que a entrada da polícia israelense no complexo religioso representava uma escalada perigosa de tensão.
Esplanada das Mesquitas
Em novembro de 2014, houve uma forte onda de tensão entre muçulmanos judeus em diversos templos religiosos. Na ocasião, uma mesquita foi incendiada perto de Ramallah, na Cisjordânia, e uma bomba incendiária foi lançada contra uma sinagoga no norte de Israel, mas o principal foco do conflito foi a Esplanada das Mesquitas.
A Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, é um dos locais mais sagrados para a religião islâmica e onde se encontram a Mesquita de Al Aqsa e o Domo da Rocha. De acordo com a tradição judaica, o Segundo Templo, destruído em 70 d.C., encontrava-se no mesmo local e, portanto, em hebraico o nome é Monte do Templo, considerado o lugar mais sagrado para o judaísmo.
EFE
Polícia bloqueia acesso de palestinos muçulmanos que querem rezar na mesquita – decisão deve gerar tensão nos próximos dias
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Depois de ocupar Jerusalém Oriental na guerra de 1967, Israel declarou que respeitaria a esplanada como local de culto exclusivamente muçulmano e que o santuário continuaria sob controle do Waqf — autoridade islâmica que dirige as mesquitas desde o ano de 1187.
Nos últimos meses, vem se intensificando uma campanha, promovida por políticos de extrema-direita, em prol do “direito à oração” de judeus na Esplanada. Influenciados por esse movimento, judeus mais radicais tentaram rezar nos acessos da Esplanada, motivando os confrontos deste domingo.
EFE
Judeus rezam em frente ao muro das lamentações durante Tisha Beav
A polícia israelense estava em alerta máximo em virtude do Tisha Beav, um dia de jejum anual no judaísmo, que comemora o aniversário de uma série de desastres da história judaica. O jornal Times of Israel informou que houve uma escalada de tensões entre comunidades muçulmanas e judaicas depois de um vídeo que mostrava uma judia insultando o profeta islâmico Maomé ter sido divulgado no fim de semana.
Israel considera toda a Jerusalém como sua capital indivisível e eterna, uma reivindicação não reconhecida internacionalmente. Por sua vez, os palestinos querem de volta Jerusalém Oriental como a capital de um estado que eles aspiram a estabelecer na Cisjordânia ocupada e em Gaza.