O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou hoje (16) que a França tem prioridade na venda de caças ao Brasil e que o país não pretende apenas comprar aviões para a defesa do país, mas buscar maior capacitação tecnológica para uso estratégico e militar. “Não se trata de um festival de compras. É um festival de capacitação nacional”, disse Jobim, durante audiência pública no Senado.
Ele assumiu que a escolha dos caças que serão comprados para as forças armadas levará em conta critérios políticos e que os antecedentes dos países que vão apresentar as propostas de vendas, até o próximo dia 21, também serão levados em conta.
“Sou advogado por formação, e o advogado trabalha com jurisprudência e antecedentes. Os Estados Unidos, além de não manifestarem interesse em transferir a tecnologia dos seus caças, têm antecedentes ruins que inviabilizaram as operações do Super Tucano”, disse Jobim, referindo-se ao “GPS degradado” que, em outra negociação, foi enviado pelos norte-americanos para ser adaptado a esse modelo de avião.
“Mas são as características jurídicas do acordo que poderão evitar esse tipo de problema. E de características jurídicas eu entendo”, complementou. Segundo o ministro, os EUA têm acenado apenas com a possibilidade de transferir as tecnologias que seriam consideradas por eles como “necessárias”, enquanto os franceses acenaram com a transferência “irrestrita” de tecnologia.
“Agora vamos saber o que é classificado como 'necessário' pelos americanos e o que significa 'irrestrito' para os franceses”, disse Jobim. “Ou o Brasil se capacita ou será um país totalmente dependente”, acrescentou o ministro.
Jobim informou que a conversa com os franceses foi diferente. Por ser o único país europeu-amazônico entre os candidatos à venda, por causa da Guiana Francesa, destacou o ministro, a França “tem manifestado maior interesse em participar de uma estratégia norte-sul”.
“A América do Sul é o maior produtor mundial de alimentos e é onde se encontra a maior quantidade de água doce do planeta, com a Bacia Amazônica e o Aquífero Guarani. Isso sem falar na matriz energética e nos fármacos da Amazônia. Imaginem o que isso significará daqui a alguns anos”, comentou Jobim.
França, a preferida
Jobim confirmou que a França tem preferência do governo brasileiro na compra dos caças Rafale. “Basta que os franceses cumpram com o compromisso de transferir a tecnologia”, ressaltou. Segundo ele, ainda não foram definidos os valores para o acordo. “Isso só saberemos depois do dia 21, quando todas as propostas serão entregues”.
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