Os dois jornalistas franceses que foram repatriados nesta sexta-feira depois de conseguirem fugir de Homs, Edith Bouvier e William Daniels, contaram ter se sentido alvo dos bombardeios do Exército no ataque de 22 de fevereiro sobre essa cidade síria, no qual outros dois colegas ocidentais morreram. Nesse dia, os jornalistas se refugiarem em um edifício no bairro de Baba Amre, em Homs.
“Tínhamos a impressão que éramos o alvo direto” do exército, assinalaram a repórter Edith Bouvier e o fotógrafo William Daniels, em declarações publicadas neste sábado (03/03) pelo diário francês Le Figaro. Os dois contaram que quando tentavam sair do edifício ao qual se dirigiam os obuses, um deles caiu na rua e matou a repórter do Sunday Times Marie Colvin e o fotógrafo francês Rémi Ochlik, colaborador da revista Paris Match, além de ferir Bouvier em uma perna.
A jornalista, que não podia caminhar, foi conduzida a um hospital de campanha que fora montado pelos insurgentes em um apartamento, mas diante da gravidade dos ferimentos foi decidido que ela deveria ser evacuada para ser operada com melhor aparelhagem. Os dois jornalistas franceses denunciaram que as autoridades sírias não permitiram que uma ambulância da Cruz Vermelha Internacional se aproximasse deles para transportá-los a um hospital.
Mais tarde, os dois tentaram fugir de Baba Amre junto ao jornalista espanhol do diário El Mundo Javier Espinosa e ao britânico Paul Conroy por túneis usados pelos rebeldes para evacuar outros feridos, mas a operação teve de ser abortada após um ataque do exército sírio. Williams e Bouvier foram obrigados a dar meia-volta, e a repórter foi operada em condições precárias em Homs. No dia seguinte, os rebeldes se prontificaram a tentar retirá-los de carro, levando quatro dias para percorrer os 40 quilômetros que os separavam da fronteira com o Líbano.
Bouvier e Daniels foram recebidos ontem pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy, no aeroporto militar de Villacoublay, nos arredores de Paris, ao ser repatriados por um avião oficial chegado desde Beirute, cidade alcançada pelos dois jornalistas na madrugada de quinta para sexta-feira. Enquanto Bouvier foi transferida ao hospital militar de Percy, nos arredores de Paris, Daniels quis prestar homenagem aos rebeldes sírios que os ajudaram. “São heróis que estão sendo massacrados. O mundo inteiro sabe disso, mas nada acontece”, lamentou.
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