A junta militar que deu um golpe de Estado na Tailândia na última quinta-feira (22/05) recebeu nesta segunda (26/05) a aprovação do rei Bhumibol Adulyadej. Com isso, os militares ganham legitimidade e o líder do movimento, general Prayuth Chan-ocha, passa a poder estabelecer uma Constituição provisória e criar comissões de reforma e legislação.
O general Prayuth, que se autointitulou primieiro-ministro, compareceu à cerimônia a portas fechadas que o confirmou formalmente como líder do Conselho Nacional para a Paz e a Ordem, nome oficial do novo governo, “para restaurar a paz e a ordem no país e para o bem da unidade”, segundo uma fonte ligada ao monarca e ouvida pela AFP. Adulyadej, de 86 anos, não foi ao evento.
Agência Efe
Manifestantes protestam em frente a uma imagem do rei tailandês, Bhumibol Adulyadej, que aprovou hoje o governo militar no país
Falando depois da cerimônia, o chefe do Exército afirmou que o mais importante era “manter a paz e a ordem no país”. Segundo ele, as eleições devem se realizar logo, mas não foi estabelecida uma data. Além disso, o general disse que não terá outra opção além de usar a força se os protestos contra o novo governo continuarem.
Durante os 64 anos de reinado de Adulyadej, houve 12 golpes de Estado na Tailândia, e nenhum deles ocorreu sem a bênção do rei. Até esta manhã, Prayuth só sabia que o rei havia sido informado do golpe, mas não tinha conhecimento de seu posicionamento, de forma que a cerimônia teve papel crucial para o novo governo.
Mudanças
Desde que tomou o poder, a junta militar já promoveu uma série de mudanças na Tailândia. Ainda na quinta, dissolveu a câmara baixa do parlamento e suspendeu a Constituição. No sábado, os militares anunciaram que haviam também dissolvido o Senado e, portanto, assumiriam o poder Legislativo.
Além disso, a ex-primeira-ministra Yingluck Shinawatra foi presa, assim como diversos membros da sua família, considerada influente entre a elite tailandesa. Segundo a Reuters, os militares afirmaram que a detenção de Shinawatra duraria “não mais que uma semana” e ela foi liberada no sábado (24/05), mas não ficou claro onde ela foi detida durante esse tempo.
NULL
NULL
A intervenção do Exército ocorreu após quase sete meses de protestos antigovernamentais, durante os quais morreram 28 pessoas e cerca de 800 ficaram feridas, e perante o risco de violência entre opositores e partidários do governo deposto.
Reação internacional
Até agora, a comunidade internacional não deu demonstrações mais fortes sobre o golpe na Tailândia – com exceção dos Estados Unidos, que afirmaram que revisariam a ajuda militar e outros acordos com o país, o maior aliado no sudeste asiático.
“Não há justificativa para um golpe de Estado”, afirmou o secretário de Estado, John Kerry, em um comunicado contundente. “Este ato terá consequências negativas para as relações entre os EUA e a Tailândia, especialmente em âmbito militar”, acrescentou.
Agência Efe
Manifestante em protesto contra o golpe militar na Tailândia, ocorrido na última quinta-feira (22/05), após meses de inquietação
As nações europeias e asiáticas demonstraram preocupação com a situação tailandesa: tanto a Alemanha quanto a França e o Reino Unido divulgaram comunicados condenando o golpe, o ministro de Relações Exteriores do Japão o chamou de “lamentável” e Cingapura pediu a todos os lados que evitem a violência.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou estar “seriamente preocupado” e pediu “um retorno rápido para um governo constitucional, civil e democrático e um diálogo abrangente que irá pavimentar o caminho para a paz e a prosperidade a longo prazo”.