A Justiça britânica rejeitou nesta quarta-feira (06/01) um pedido de liberdade sob fiança do fundador do Wikileaks, Julian Assange, da prisão de Belmarsh, em Londres.
Dois dias após negar a extradição de Assange por considerar que o ativista poderia se suicidar caso fosse transferido aos Estados Unidos, a juíza Vanessa Baraitser alegou haver um risco de fuga do ativista para negar a apelação dos advogados do australiano.
Segundo a magistrada, há um “incentivo” do fundador do Wikileaks para “fugir dos processos ainda não resolvidos”. Baraitser também afirmou que aguarda os recursos dos EUA que podem “contestar” a decisão de não extradição.
Os advogados de Assange alegaram que a fuga para a embaixada do Equador em Londres, no ano de 2012, eram circunstâncias “totalmente diferentes”. A defesa do jornalista afirma que, agora, o ativista tem uma oportunidade de se reunir no Reino Unido com sua companheira e os dois filhos, declarando que o ativista moraria em um endereço fixo e poderia usar uma tornozeleira eletrônica.
Um dos advogados de Assange disse ainda que após a não extradição, o fundador do Wikileaks “tem todos os motivos para permanecer nesta jurisdição, onde tem a proteção do Estado de Direito e a decisão deste tribunal”.
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Julian Assange está preso desde maio de 2019 em Belmarsh na capital britânica
“A experiência de ir à embaixada equatoriana acabou sendo uma experiência extremamente desagradável que o levou a ficar sete anos confinado e a uma mudança de governo levando a mudança de postura. É algo que ele provavelmente nunca repetirá”, afirmou.
Extradição
Na segunda-feira (04/01), a juíza Baraitser negou a extradição de Assange aos Estados Unidos indicando que o ativista poderia cometer suicídio em território norte-americano. No entanto, os advogados de Washington deve recorrer da decisão para tentar fazer com que o australiano responda aos 17 crimes ao qual é acusado.
Caso seja extraditado e condenado, Assange pode pegar uma sentença máxima de até 175 anos de prisão.
Após a não extradição, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ofereceu asilo político ao ativista, afirmando que entraria com pedido ao governo britânico para haver “a possibilidade que Assange fique em liberdade e que o México lhe ofereça asilo político”.
Assange ficou por sete anos em asilo político na embaixada do Equador em Londres, mas perdeu o status após o presidente equatoriano Lenín Moreno suspender a decisão de abrigo. Assange foi encaminhado ao presídio de Belmarsh, em Londres, onde está preso desde maio de 2019.
O fundador do Wikileaks tornou público diversos documentos que indicam crimes de guerra cometidos pelo Exército norte-americano no Afeganistão e no Iraque. O governo dos Estados Unidos acusa o ativista de espionagem e conspiração contra o país.