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Família amish viajando em uma charrete no condado de Lancaster, Pensilvânia, nos EUA
Um júri federal do Estado norte-americano de Ohio decidiu nesta quinta-feira (21/09) que Samuel Mullet, bispo de uma comunidade separatista amish, além de outros 15 de seus seguidores, são considerados culpados por conspiração, sequestros e crimes motivados por ódio.
A promotoria convenceu os jurados de que as vítimas dos ataques sofreram espancamentos e estupros. Além disso, os organizadores da conspiração cortaram as barbas e os cabelos de vários membros de sua comunidade, ato que é considerado uma humilhação e ofensa para as pessoas que seguem essa orientação religiosa.
Para esse grupo religioso, a barba entre os homens casados é sinal de identidade masculina. Pela mesma razão, as mulher devem permanecer com os cabelos longos.
Os amish têm como um de seus objetivos viver em uma sociedade separada do mundo contemporâneo. A maioria dos seus membros não usa eletricidade nem tecnologia em seus meios de locomoção. As situações de litígio são geralmente resolvidas dentro das próprias comunidades, sem a interferência das autoridades. Eles se definem como cristãos e, embora suas raízes sejam européias, a maioria de seus membros está localizada nos Estados Unidos, cerca de 250 mil membros.
O caso
Mullet, de 66 anos, é fundador da comunidade de Bergholz, no norte de Ohio . Seus seguidores, entre eles seis mulheres, foram julgados por terem cometido cinco diferentes ataques a membros os quais o próprio bispo considerava “inimigos”, segundo suas próprias palavras.
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Ele teria ordenado espancamentos e relações sexuais forçadas com algumas mulheres, a fim de “purificá-las”, entre elas, sua própria cunhada. De acordo com as investigações realizadas pela promotoria, o líder religioso não participou dos ataques, mas teria ordenado todos eles, com a justificativa de não aceitarem as normas que ele impunha.
Durante o julgamento, nenhum dos 16 acusados negou a participação nos ataques.
A pena, que ainda não foi definida pelo juiz, pode chegar a até 17 anos de prisão. Ela será determinada em janeiro. Em outubro de 2011, moradores de Bergholz denunciaram à Justiça que os líderes do assentamento praticavam duras represálias a quem se opusesse às suas ordens.
“Não foram meros cortes de cabelo, foram ataques violentos. Nossa comunidade deve ter tolerância zero com esse tipo de ataque”, disse Seteven Dettelbach, promotor do Distrito Norte de Ohio ao jornal Plain Dealer, de Cleveland.